quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A VIDA QUE QUEREMOS PARA NÓS

Recentemente assisti ao filme francês "A vida de outra mulher" (2012) e achei interessante refletir sobre as escolhas que fazemos ao longo da vida. No filme, Marie (Juliette Binoche) acorda no dia de seu aniversário e percebe que esqueceu os últimos 15 anos de sua vida. Ao dormir, acabara de completar 26 anos, era solteira, apaixonada e cheia de planos. Ao acordar, com 41 anos, se viu no corpo de uma executiva de muito sucesso, casada e com um filho. Ela percebe que se casou com o homem dos seus sonhos, mas que ele a trata com grande indiferença. O filho, a princípio, parece gostar da nova mãe que surge de repente, mas logo se distancia dela, preferindo a companhia do pai ou da babá. A protagonista precisa conhecer aquela mulher em que se transformou para tentar fazer novas escolhas.

Penso que existem muitas Maries pelo mundo, principalmente quando nos olhamos no espelho e nos deparamos com alguém que não conhecemos mais - seja porque estamos diante em um casamento infeliz ou em uma família distante emocionalmente. Neste momento podemos lembrar de quem éramos na juventude e de como fugimos do script que traçamos para nós ao longo da vida.

RESGATE BONS SENTIMENTOS DO PASSADO

Claro que a vida é feita de incertezas. Não precisamos seguir a risca algum plano de futuro que mantínhamos quando éramos jovens. Por isso é importante estar consciente das próprias escolhas. Pense no que realmente tem valor na sua vida. Precisamos resgatar o vigor, a alegria e a coragem da juventude, características que muitas vezes perdemos com o tempo. Não deixe que as responsabilidades profissionais e sociais lhe afastem de si mesmo e daqueles que ama.

É comum os casais chegarem em meu consultório para terapia, em meio a uma grande crise ou conflito. Como se aquele que está ao nosso lado não fosse mais o mesmo do início do relacionamento. Então, acabam prevalecendo as críticas que levam a brigas intermináveis na relação a dois. Neste momento, cabe a cada um lembrar do momento que se conheceram: a paixão do início, o primeiro encontro... Onde estão aquelas pessoas? Talvez possamos resgatá-las do passado e trazer de volta a alegria do começo de uma união. Não podemos ser a mesma pessoa de antes, mas nossos sentimentos e valores podem ser relembrados.

Mas isso tudo requer trabalho. Assuma que ao longo da vida você pode fazer escolhas erradas. Tenha humildade para reconhecer que erramos e coragem para querer acertar novamente. No fim, podemos não conseguir mais recuperar o tempo perdido ou a relação amorosa que fracassou, mas estaremos mais conscientes de quem somos e do que desejamos para nós dali em diante. Afinal, enquanto estivermos vivos, sempre é possível recomeçar!

Texto originalmente publicado em: Personare