segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Era uma vez um sonho - Porque traumas e dores do passado não precisam definir como será o futuro

 


O filme Era uma vez um sonho (HillBilly Elegy) que estreou no catálogo da Netflix em Novembro/2020 traz alguns temas familiares abordados de maneira dura e realista. O filme baseado em um livro de uma história real de J.D Vance têm recebido críticas por focar no drama e deixar de lado as questões mais culturais, sociais e até políticas que parecem ser descritas no livro. Eu não li o livro então não posso dizer, mas penso que um filme nunca poderá ser fidedigno a obra, mas apenas um recorte. E neste caso o foco foi totalmente nos dramas familiares e no dilema do Jovem Vance em seguir com sua vida ou ficar, e quanto a isso cumpre o que se propõe.


Gosto de filme baseado em histórias reais pois torna as questões abordadas mais palpáveis. O enredo do filme não é diferente de outros que já existem, como Castelo de Vidro (2017) também baseado em fatos (video onde falo deste filme https://youtu.be/1LhbAyOOzsI) Justamente por conterem questões sistêmicas é algo comum nas mais diversas famílias. Interessante como filmes assim causam comoção e reflexão. As pessoas conseguem ter empatia com os personagens mesmo aqueles mais difíceis como a mãe e avó de Vance. Isso porque o roteirista teve o cuidado de ir mostrando que um comportamento de hoje está relacionado a eventos passados que por sua vez também tem origem em outros eventos e por aí vai. Ou seja, visão sistêmica! E penso que nos faz ampliar o olhar sobre rótulos como mãe tóxica e família desestruturada que são tão repetidos. Algumas falas são perfeitas para mostrar como rejeitar/odiar algo faz com que você reproduza o comportamento sem perceber. É o caso da filha de Bev, Lindsay, que em uma briga com sua mãe diz que nunca terá filhos para fazer como ela faz, e claro acaba tendo três filhos e em dado momento aparece gritando com as crianças devido às suas próprias frustrações. 


Mas tudo gira em torno do Jovem Vance, e se ele repetirá o ciclo de dor e fracasso trazido ao longo da família ou conseguirá fazer diferente. Há dois pontos de virada importante na vida do JD. Quando a avó o assume e ele se revolta com a postura da avó, dentre muitas brigas pesadas e diálogos difíceis houve um momento em que o garoto entendeu do que se tratava. Quando ela pede comida pois tem que alimentá-lo e deixa para ele a maior parte do que conseguiu. Ali ele age e entende que não precisava ficar esperando amor e reconhecimento. Talvez não porque ela não queria dar, mas não sabia. A forma como sabia era sendo dura e cobrando dele uma postura diferente na vida. Ali ele entendeu que ela fazia de tudo para ele ter um futuro diferente do que ela e sua filha tivera. Ela sabia que para ele podia ser mais leve, pois ele tinha recursos que ela não tinha. E foi quando ele seguiu. 


Contudo, ele seguiu e parece ter rompido de alguma forma. Como se quisesse esquecer o passado e apenas seguir em frente. Então, como aquilo que rejeitamos nos aprisiona, o passado bate à porta e ele de novo se vê no dilema entre ficar ou seguir. A mãe com overdose clama por cuidado. E nesse retorno ele também vai se deparando com seus demônios e lembranças internas e reconstruindo o caminho que o trouxe até ali. Mais uma fala brilhante quando sua irmã diz que se ele não perdoar não conseguirá se libertar do que foi. E quando ele percebe que de novo precisa tomar a decisão que talvez quando jovem a avó o estimulou: Seguir sua vida ou ficar emaranhado em lugares que não lhe pertenciam e repetir uma história de dor e sofrimento. Ele decide que não pode ser o salvador!! Pois seu autossacrifício poderia até resolver provisoriamente o problema, mas seria ineficaz a longo prazo pois ele também seria infeliz. E então ele toma a decisão mais consciente de tudo que lhe trouxe até aquele momento e consegue seguir, sem romper, mas agora com seu legado no coração. Não por acaso vai contando sobre as histórias da família para a namorada como se agora concordasse que tudo que foi fez dele quem ele é e lhe dá a chance de fazer diferente, por ele e por todo o futuro sistema. 


Sim as dores e traumas foram reais e certamente deixaram marcas, mas olhando, curando, compreendendo e acolhendo a realidade como foi, é possível seguir em frente e ter um destino mais leve do que as gerações anteriores. Assim foi para JD Vance e assim é na vida!  


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Frases de autoestima: como usá-las e os benefícios

Saiba porque a autoestima é tão importante e o que você pode fazer para cultivá-la.


A autoestima é fundamental para termos uma vida mais leve e feliz, pois a maneira como nos sentimos a respeito de nós mesmos afeta todas as áreas da nossa vida. 

Além do processo terapêutico, repetir frases de autoestima, como mantras, pode ser um bom recurso, de fácil acesso e bons resultados se você souber usá-lo. 

A seguir, veremos exemplos de frases, além de usá-las e os benefícios. 

Como a autoestima afeta nossa vida 

A forma como reagimos no cotidiano ou nos relacionamos está diretamente relacionada à imagem interna que carregamos sobre nós. Por isso, avaliar como lidamos com ela é tão importante. 

A autoestima depende de uma série de fatores, mas, de maneira geral, ela está ligada a uma postura interna diante da vida. É preciso reconhecer que ela é um processo ativo, e não passivo. 

Ou seja, ninguém vai lhe dar autoestima. Você a busca dentro de você com atitudes internas e externas. 

E ela depende de alguns fatores fundamentais, tais como: autorresponsabilidade, autoconsciência, amor-próprio, congruência entre palavras e atitudes. E, talvez o mais importante, soltar o julgamento. 

A baixa autoestima, geralmente, parte de um processo autodestrutivo, em que a própria pessoa se julga e se culpa constantemente. 

Se formos mais além, frequentemente, há um grande julgamento e críticas excessivas aos pais. Se a vida chega a você a partir de um pai e uma mãe, então eles fazem parte de quem você é. Se você os julga ou rejeita, faz isso em dobro com você mesmo. 

Sistemicamente, há uma ordem que precisa ser respeitada. Se seus pais fizeram algo que lhe feriu na sua infância, você não podia fazer nada para mudar. Mas se você é adulto, pode seguir em frente. 

O que não será possível se ficar olhando para os dores do passado e permitindo que elas continuem agindo em você. 

Como (re)construir a autoestima 

Para (re)construir sua autoestima é preciso agir. É preciso refletir sobre os fatores mencionados e sua postura diante da vida. É um processo. 

Mas como talvez já tenha se passado um bom tempo com a autoestima baixa, você talvez precise de ajuda. 

Em um processo psicoterapêutico com a visão sistêmica, será possível perceber quais posturas te impedem de viver com leveza e recuperar a autoestima perdida. 

Também há alguns recursos que podem ajudar, como as frases de autoestima. 

Como usar frases de autoestima 

Repetir frases sem um processo reflexivo talvez não seja de grande ajuda. 

Mas se você está realmente disposto a mudar e assumir a responsabilidade sobre sua história sem julgamentos externos as frases de autoestima podem ser um bom recurso para criar novos padrões positivos de pensamento que irão lhe ajudar no processo. 

Exemplos de frases: 

Estou disposto a mudar 

Decido estar em paz e harmonia 

Eu libero o padrão em mim que criou tudo isso 

Deixo amorosamente o passado para trás 

Tudo está bem como está 

Eu aceito a realidade e olho para o que funciona 

Sou uma experiência divina de vida 

Eu tenho valor 

Sou saudável, pleno e completo 

Trago a força dos meus ancestrais 

Para mim pode ser mais leve 

Minha vida pode fluir com leveza 

Eu me amo e me aceito profunda e completamente 

Você pode criar suas próprias frases também. Perceba quais pensamentos que mais lhe afligem e transforme-os em algo positivo. 

Se algo como “Estou gorda” surgir, mentalize “Estou em processo de aceitação e mudança do meu corpo”. Caso você diga o oposto talvez soe como mentira e perca a força. 

Por isso, se algo for ainda muito difícil de você concordar, comece sempre com “Estou em processo de...”, pois coloca em ação um movimento de mudança e você sai da passividade. 

Quanto mais você fizer, mais ficará natural para você alterar o padrão de pensamento e logo tudo será natural para você.

Publicado originalmente em https://www.personare.com.br/frases-de-autoestima-m76026

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

CONSTELAÇÃO FAMILIAR PARA SUPERAR RELACIONAMENTO ABUSIVO



Um relacionamento abusivo pode deixar marcas e dificultar que uma pessoa siga uma caminhada mais leve. É preciso compreender o processo e deixar rótulos e papeis experimentados para trás antes para ressignificar e ampliar o aprendizado.

A possibilidade de atrair relacionamentos mais saudáveis existe desde que seja possível olhar de forma profunda para a situação e buscar a autoconsciência.

Entenda um pouco da visão da Constelação Familiar sobre o assunto e como as Leis Sistêmicas podem lhe auxiliar na sua caminhada.

RELACIONAMENTO ABUSIVO NA VISÃO SISTÊMICA

Onde há abuso, há excesso de algo. Em uma relação nomeada como abusiva, a priori, terá excesso de um sobre o outro, desde comportamentos mais explícitos, como agressões verbais e físicas, até as mais ocultas, como a agressão psicológica.

De uma maneira geral, relações a dois, por mais que possam trazer conflitos, devem ter leveza. Se está pesado além da conta, tem algo fora do lugar em alguma das histórias ou em ambas.

Na visão sistêmica das Constelações Familiares, evitamos utilizar termos que engessem um padrão. Geralmente, quando um rótulo ou nome é pré-definido para uma situação, papeis são bem delineados e um adota o papel de vítima e o outro, de algoz.

O risco é que estes papéis podem se prolongar na vida dos rotulados em todas as áreas. Partimos do pressuposto de que tudo que acontece tem um lugar em nossa história dentro de um contexto amplo familiar que abrange até quatro gerações.

A ideia não é justificar atos ilegais nem amenizar culpas. O foco é em ampliar a visão para conseguir fazer novas escolhas, mais leves e saudáveis, baseando-se no aprendizado das situações desafiantes e autorreflexão.

POR QUE OCORRE ABUSO SEGUNDO A CONSTELAÇÃO FAMILIAR?

A Constelação Familiar parte do princípio que somos regidos por leis naturais que atuam sobre o indivíduo e todo o seu sistema familiar.

As leis do pertencimento, da ordem e do equilíbrio perpassam as relações afetivas e sociais em quando negligenciadas, geram efeitos nocivos em um ou mais integrantes do sistema.

Assim, o efeito de vivenciar uma relação desequilibrada pode ter relação com alguma desordem em relação às leis sistêmicas. Vejamos como:

LEI DO PERTENCIMENTO

Ninguém do sistema pode ser excluído. Exemplo: se aquele avô rígido e autoritário que maltratava a avó é lembrado com mágoas e ressentimentos, pode ser que algum neto ou neta precise dar lugar a esta história, incluindo-o, o que geralmente se dá por meio da repetição de histórias.

LEI DA ORDEM

Quem vem antes é maior no sistema, pois chegou primeiro. E, se por acaso, a mulher se acha melhor que a mãe ou se ressente do pai, sistemicamente ela se coloca acima deles.

Com isso, os efeitos nocivos acontecem e podem ser experimentados nas relações afetivas. O homem, da mesma, forma pode adotar o papel de agressor para dar lugar a algum agressor antes excluído do sistema.

LEI DO EQUILÍBRIO

É a que perpassa as relações de casais. Quando ela está em desordem, o primeiro indício é a ocorrência de uma relação desequilibrada, que também pode sofrer influência das outras desordens mencionadas.

O equilíbrio entre as trocas do dar e receber é que conduz um casal e ampara o amor. Alguém que aceita tudo e perdoa tudo auxilia no desequilíbrio. Ninguém suporta o “tudo”! Aqui, sempre terá um excesso, para mais ou para menos.

COMO SUPERAR UM RELACIONAMENTO ABUSIVO

Claro que os exemplos dados são simplórios, pois as leis são muito mais profundas e precisam ser vistas com profundidade. Nada pode ser generalizado no que diz respeito ao ser humano.

Cada caso traz sua própria peculiaridade e apenas pode ser visto dentro de cada contexto. Mas mesmo com esta breve reflexão é possível ampliar o olhar e adequar a postura para uma vida mais leve.

1. RECONHEÇA SEU LUGAR

Você vem de uma história e talvez traga registros de padrões familiares inconscientes referentes ao masculino e ao feminino. É imprescindível buscar este olhar mais aprimorado para sua história para compreender-se como um aprendiz, e não vítima do destino.

É preciso olhar para seus antepassados próximos ou mais distantes e deixar de lado as críticas e julgamentos. Afinal, este comportamento é totalmente improdutivo e não traz nenhuma solução para o que já ocorreu no passado.

A ideia é reconhecer que todos que vieram antes fizeram o melhor com os recursos que tinham disponíveis. E a você, cabe respeitar e seguir seu próprio caminho com os novos recursos que você tem disponível agora.

2. RECONHEÇA SUA PRÓPRIA FORÇA E VALOR

A autoestima pode estar em baixa, mas é possível buscá-la novamente em seu íntimo. Valorizar suas origens é um passo importante, pois eles fazem parte de quem você é.

Você é 50% pai e 50% mãe e, se não reconhecê-los neste lugar, não conseguirá ser 100% você.

A autoestima inicial vem do respeito àqueles que te deram a vida. Em seguida, perceba crenças destrutivas que foram se formando ao longo do tempo e faça o exercício de desconstruí-las. Quanto mais você autoconsciente for, mais fácil será retomar o controle.

Alguém pode ter ferido você no passado, então deixe o fato no lugar certo – no passado. Cada vez que você se impede de seguir adiante, você dá mais poder a quem te feriu antes.

3. REVEJA POSTURAS E ATITUDES

Como mencionei, o lugar de vítima pode ser confortável de forma inconsciente, mas é perigoso. Para sair deste lugar, é preciso autoconsciência e autorresponsabilidade pela sua própria vida e história.

Se estiver difícil para encontrar a melhor postura e fazer escolhas mais leves e conscientes, talvez um profissional com a visão sistêmica pode lhe auxiliar a compreender os padrões inconscientes e ocultos,

Assim, você poderá seguir mais livre e em paz com seu sistema de origem, de forma a buscar relações mais equilibradas de agora em diante.

Originalmente publicado em https://www.personare.com.br/relacionamento-abusivo-m76726

O SIGNIFICADO DAS DOENÇAS E A CONSTELAÇÃO FAMILIAR




Não é recente o estudo do significado das doenças e sua relação com questões de ordem psicológica ou emocionais. A homeopatia tenta tirar o foco da simples eliminação dos sintomas para um entendimento mais amplo do processo sistêmico envolvido.

A psicossomática relaciona os processos inconscientes envolvidos na geração de sintomas físicos para alívio das dores emocionais não observadas.

Na psicoterapia sistêmica é possível perceber que algumas pessoas se emaranham em destinos alheios, limitando suas possibilidades de vida e contribuindo para manter os seus sintomas. E com esta visão surge a constelação familiar que entra como mais uma ferramenta para olhar os sintomas, agora sob a perspectiva transgeracional.

CONSTELAÇÃO FAMILIAR E AS ORDENS DO AMOR

Já as constelações familiares são amparadas em diversas áreas de estudos da psicologia, mas trabalha com algumas leis naturais chamadas de Ordens do Amor.

Estas leis se desconsideradas podem gerar efeitos nocivos a um ou mais membros de uma família, podendo inclusive gerar sintomas como uma forma de reparação e/ou expiação para o sistema familiar.

Assim, a proposta deste artigo é trazer, a partir da visão das constelações familiares, alguns sintomas que em sua grande maioria estão relacionados a emaranhamentos sistêmicos e desconformidade com as leis sistêmicas.

ALGUNS SIGNIFICADOS DE DOENÇAS

Para ser congruente com a visão sistêmica, é importante inferir que será apenas um recorte generalizado, e cada caso deve ser levado em conta particularmente dentro do seu contexto e estrutura.

Considere um ponto de partida para quem desejar fazer uma reflexão mais profunda a respeito de algum sintoma específico que o acompanha. Todos os processos descritos são movimentos inconscientes.

Cefaléia ou Enxaqueca: tem algum amor represado. A pessoa se recusa a tomar um dos pais (ou ambos) o que causa uma pressão interna que exterioriza-se em dores de cabeça intensas.

Esquizofrenia: Via de regra, a esquizofrenia tem relação com uma morte encoberta, geralmente um assassinato na família. A pessoa psicótica sofre, mas a família todo fica desnorteada, pois é preciso incluir no coração a vítima e o agressor.

Trata-se de um outro nível de olhar no qual não há julgamentos morais, mas aos olhos do Todo, todos têm o mesmo lugar, a mesma importância.

Bulimia ou Anorexia: na maioria das vezes o pano de fundo da bulimia tem relação com a mãe que rejeita o pai de seu filho. O filho por lealdade a ambos encontra a possibilidade de resolver o conflito “comendo” pela mãe e “vomitando” pelo pai.

Também pode haver um conflito entre ir e ficar (que se relaciona ao desejo de seguir alguém na morte). No caso da anorexia, pode haver a intenção de morrer no lugar de um dos pais como um processo inconsciente de salvação e autossacrifício.

Insônia: geralmente refere-se a uma vigilância excessiva normalmente relacionado à mãe. Há um medo ou preocupação que um membro da família vá embora ou morra enquanto a pessoa dorme. Como se a pessoa estivesse cuidando para que nada de mau aconteça.

Depressão: pode ocorrer quando fazemos algo para o pai ou para a mãe ou rejeitamos ambos. Então é preciso respeitar a lei da ordem e se dirigir a eles do nosso lugar, pequenos diante deles.

Vícios: pode ser uma busca pelo pai excluído do sistema. Também pode haver uma dinâmica de inclusão de algum homem importante da família que morreu ou ainda o desejo de seguir alguém na morte.

Fibromialgia: em alguns casos de constelações com mulheres portadoras de fibromialgia, a raiva era um sentimento presente.

Às vezes, pode ser a raiva de uma criança que perdeu um dos pais muito jovem e se sente abandonada; raiva por um parceiro que causou grande decepção ou, até mesmo, a raiva adotada de uma parceira anterior do pai que foi injustamente abandonada por ele.

Hipertensão: em muitos casos relaciona-se com um amor que foi ou precisou ser reprimido geralmente pela morte de um dos pais, ou alguma vivência traumática ocorrida com um deles.

Um filho que precisa assumir o lugar do pai após a sua morte, por exemplo, pode sentir muita raiva que se manifestará desta forma.

O QUE FAZER?

Olhe para a doença e para seus sintomas. Dê os cuidados necessários, lembrando que a medicina tradicional tem seu lugar e deve ser considerada sempre. Mas amplie, se possível, buscando ajuda profissional.

Um bom constelador ou psicoterapeuta sistêmico irá lhe mostrar a dinâmica que atua para manter o sintoma, mas sem o intuito de eliminá-lo. Pois desta forma estaríamos excluindo e negligenciando as leis.

Precisamos acolher tudo que entra em nosso contexto com amor, entendendo que aquilo se torna necessário naquele momento. Assim, quem sabe o sintoma, após cumprir sua função, pode se retirar em paz.


Publicado originalmente em https://www.personare.com.br/o-significado-das-doencas-m76832

Vícios emocionais: os legados da pandemia e como curá-los




A pandemia em 2020 certamente trouxe muitos desafios. Todos fomos surpreendidos por muitas mudanças, que exigiram adaptações em todas as áreas da vida, tudo de uma só vez. Isso trouxe como consequência alguns vícios emocionais.

Foi preciso mudar a forma de trabalhar, estudar, se socializar e se relacionar. Com isso, surgiram novas formas de olhar a vida, mas também muitos sintomas emocionais.

A seguir, vamos olhar para alguns desses efeitos do isolamento social e sugerir uma forma de lidar com eles, evitando que se tornem efetivamente permanentes e negativos legados da pandemia.

Os legados da pandemia


As distrações virtuais 


O isolamento social certamente está entre os maiores desafios. E algo que tem ajudado nessa questão é a tecnologia. Contudo, assim como o remédio em dose errada pode se tornar um veneno, o excesso sempre é perigoso. Isso tem contribuído para alguns sintomas emocionais.

Alguns se tornaram dependentes tecnológicos. Não conseguem mais se desconectar.

A ânsia por informações e preencher o tempo com algo útil faz com que as pessoas transferiram a agitação do cotidiano de antes da pandemia para uma agitação interna.

As distrações que antes eram externas – no trânsito, nas conversas no trabalho e nos encontros sociais –, agora, estão na palma da mão. São lives, palestras, cursos e tudo mais que lhe dê a sensação que o tempo está sendo preenchido.

E isso gera ansiedade. Um anseio por querer fazer tudo e muito mais ou por não conseguir entrar neste ritmo.


A dificuldade do não saber


A incerteza pelo futuro também têm gerado muita ansiedade. No ímpeto de eliminar este incômodo, muitos se colocam milhares de metas e tarefas para o agora.

O sentimento é de que quando acabar a pandemia, "estarei pronto". Mas, com isso, perde-se o foco no agora e a oportunidade de utilizar esse momento para olhar para o essencial.

Se por um lado, conforme mencionado antes, a infinidade de possibilidades abre um leque enorme de escolhas, por outro, o "não saber" como ficará o futuro tem desestabilizado a vida dos mais controladores.


As compulsões


Elas vieram com tudo. Se as compras pessoais não são possíveis, as online se tornaram essenciais. E os que não se adaptaram ao mundo virtual e evitaram as compras online, transferiram a compulsão para a comida.

Passar mais tempo em casa fez com que muitos comprassem mais alimentos supérfluos e pedissem mais comidas prontas por aplicativos. Em todo excesso, reside uma falta.

Assim, as compulsões que surgem neste momento são sintoma de um vazio imenso que já residia ali. 

Talvez as distrações não permitiam ver antes, mas agora foi possível.

E, novamente, existe um perigo enorme em querer se livrar da dor ou do vazio colocando algo no lugar que, a longo prazo, pode ser muito mais prejudicial – um vício emocional.


A baixa autoestima pelas mídias sociais


Junto a tudo isso, o uso excessivo de redes sociais também acaba contribuindo para uma autoimagem distorcida.

As pessoas começaram a expor-se mais, e as comparações e competições ganharam maior proporção. O que deveria ser um incentivo às práticas de exercícios físicos, em alguns momentos, tornou-se um culto a corpos bem delineados. 

Então, quem não se percebe no "padrão", pode sentir-se menor ou incapaz. A baixa autoestima ganha grandes proporções, podendo também levar a ansiedades ou depressão. 


Autoconhecimento como solução

Não podemos colocar a responsabilidade de tudo em algo externo. Mesmo que a pandemia tenha causado impactos globais, a forma como lidamos com o que se manifesta externamente é que faz toda a diferença no equilíbrio emocional.

Sentimentos talvez até então desconhecidos podem, enfim, ganhar atenção. Com isso, temos a oportunidade de nos permitir um caminho mais leve.

Trazer a atenção para o momento presente, reconhecendo-se como um indivíduo único, que têm uma história única, mas que faz parte de todo um sistema familiar.

Valorizar o agora como presente de tudo que foi vivido anteriormente, não só por você, como por seus ancestrais. 

Você é uma soma de todos que já vieram antes e, se você está aqui e agora lendo este texto, tem a força de todos eles que já passaram por desafios bem maiores que os de agora. 

Se eles conseguiram, você consegue. 

Perceba os sentimentos desafiantes que surgem como uma oportunidade de conscientizar-se do que ocorre dentro de você.

A solução não passa pela revolta ou indignação pelo que está acontecendo ou pelos legados que a pandemia deixará.

Mas sim, pela aceitação e concordância da realidade como ela é, com a plena convicção que após tudo isso você estará melhor e mais autoconsciente.

Publicado originalmente em https://www.personare.com.br/vicios-emocionais-m76709

Crianças na pandemia: como pais e filhos podem lidar com os desafios

Como podemos amenizar a ansiedade da incerteza do momento que vivemos e, a partir da Visão Sistêmica, tentar lidar melhor com os nossos filhos




Administrar os filhos na pandemia tem sido desafiador? Uma das grandes dificuldades pelas quais os pais estão passando é a relação dos filhos com o estudo. As aulas online apresentam inúmeros desafios, principalmente para os pais de crianças menores. 

A maioria dos adolescentes lida bem com a tecnologia e rapidamente se adaptou ao ensino à distância. Porém as crianças menores, muitas vezes, ainda precisam que um adulto as direcione. Com isso os pais, que também estão em alguns casos em home office, acabam por se sentirem sobrecarregados. 

A angústia pelo aprendizado das crianças e a falta de habilidade de recursos para ensinar acabam gerando ansiedades e preocupações que também são transmitidas às crianças. O melhor a se fazer é reconhecer a realidade atual e lidar com ela a cada dia. 

Todos estão passando pela mesma situação e, apesar dos recursos de cada um serem diferentes, é a forma de encarar o desafio que acaba fazendo a diferença. 

Crianças, pandemia e a escola à distância 

As crianças terão uma longa vida de estudos e aprendizado pela frente. Entender que o mais importante no momento é priorizar a saúde mental e emocional dos pequenos é fundamental. Assim, mais leveza e menos cobranças e autocobranças ajudam a amenizar as incertezas. 

O melhor é reconhecer que cada um faz o possível dentro da realidade que se apresenta. Assim, culpas e exigências devem dar lugar a autoaceitação e reconhecimento de que cada um dá o melhor de si, tanto os pais quanto os filhos. 

Distanciamento social para crianças na pandemia 

Outro desafio é o isolamento e distanciamento social. A forma como a criança irá vivenciar também depende do contexto, mas principalmente das relações familiares. As crianças têm uma capacidade inata de se adaptar à realidade. Mas isso se torna difícil quando os pais não o fazem. 

Por isso, o exercício de cada adulto é utilizar o momento desafiante como oportunidade de se autoconhecer e reconhecer a própria força que vêm de suas origens. O momento é ideal para reconectarmos com nossas origens e refletir sobre nossas próprias relações familiares e sociais. 

Quando tomamos a força dos nossos ancestrais é mais fácil olharmos para os nossos descendentes e também perceber a força que atua sobre eles. Com isso ficamos em paz, pois sabemos que todos conseguirão passar pelos desafios como sempre aconteceu durante toda a nossa história. 

Assim, mesmo que as crianças estejam longe de amigos e outros familiares, a presença dos pais ou mesmo de um deles, transmitindo esta força e confiança em todo o processo e na realidade como ela é, facilita a vivência dos pequenos. 

O tempo de qualidade de pais e filhos na pandemia é mais importante que a quantidade que estão juntos. Privilegiar conversas honestas, brincadeiras lúdicas e um tempo saudável juntos. 

Sintomas emocionais das crianças na pandemia 

As crianças têm feito menos sintomas físicos pela falta de convivência com outras crianças, contudo os sintomas emocionais têm aumentado em demasia. Se partimos do princípio que a criança deveria ter fácil adaptação à realidade, é preciso ampliar o olhar para a família. 

O externo causa impacto, mas se a estrutura interna estiver bem consolidada, tudo fica mais ameno. Torna-se necessário voltar às origens, em um diálogo interno, para entender como os adultos em volta estão lidando com suas próprias questões internas. 

As crianças são sensíveis a tudo que está oculto e, inconscientemente, acabam manifestando sintomas para o sistema familiar. Refletir sobre a postura diante da família de origem, o lugar de cada um, a dinâmica familiar e do casal, se há desordem do sistema familiar, como cada um têm encarado suas feridas emocionais; tudo isto pode liberá-las deste lugar. 

O fato é que, para lidar melhor com seus filhos na pandemia, é o adulto que precisa se estabilizar emocionalmente e parar de nutrir medos sobre o futuro. Uma ajuda profissional pode auxiliar a atravessar o momento desafiante e se reconectar com o que verdadeiramente importa: relações familiares saudáveis e vida leve mesmo, diante de problemas e desafios. 

Se pararmos de perceber 2020 como um ano perdido, mas sim como um ano que nos propiciou ampliar o olhar e ver o essencial, tudo pode ser mais leve.


Publicado originalmente em https://www.personare.com.br/criancas-na-pandemia-m76205

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A IMPORTÂNCIA DO PAI NA NOSSA HISTÓRIA

Como entender a importância do pai a partir da Constelação Familiar

Pai E Filho, Andar, Amor, Criança

Nutrir ressentimentos pelos pais podem causar problemas em nossa vida pessoal e profissional. Neste artigo, você poderá entender a importância do pai e da mãe e lidar com os nossos sentimentos para que possamos fazer escolhas mais livres.


Muitas vezes a infância e/ou a adolescência não foi como nós idealizamos. Seja por ausência de amor, afeto, cuidado ou a presença de desafios maiores, como traumas ou violência.


É verdade que às vezes o pai e a mãe (ou apenas um deles) têm responsabilidade sobre todas essas questões que vivenciamos no passado. Mas quando você carrega todos esses ressentimentos, feridas, e mágoas para a vida adulta, quem paga o preço é você.


Para a visão sistêmica da Constelação Familiar, a relação com o pai tem grande importância na nossa vida, seja pessoal ou profissional. Bert Hellinger, terapeuta alemão, percebeu que haviam três leis que atuam sobre os relacionamentos familiares: a do pertencimento, a da ordem e a do equilíbrio.


Elas atuam para interferir em todas as áreas de nossas vidas mesmo que não tenhamos conhecimento das mesmas. Assim, se estamos em dissonância com alguma lei, certamente enfrentaremos algum problema mais desafiante  no nosso caminho.


POR QUE A IMPORTÂNCIA DO PAI É MARCANTE?


Na visão sistêmica parte-se do pressuposto de que a vida vêm através dos pais e, por esse motivo, eles merecem um lugar de respeito nas nosssas vidas. O que ocorre depois disso, ou seja, ao longo da infância e adolescência, não retira o lugar deles nem a grandeza da vida que foi dada. Da mesma forma, pela lei da ordem, os pais chegam antes ao sistema familiar e, por isso, diante deles somos pequenos.


Isso quer dizer que devemos honrá-los deste lugar que ocupamos independentemente do que eles falam, fazem ou demonstram.


Por isso, se você mantém qualquer julgamento ou crítica a respeito de seu pai, alguma consequência isso trará para sua vida. O pai pode ter sido alcoolista, ter tido algum fracasso muito grande na vida, ter perdido todo o dinheiro, ter sido muito rígido e autoritário, ou simplesmente não esteve presente no crescimento dos filhos. Tudo isso pode gerar marcas na criança ou adolescente que certamente leva essas dores para a vida adulta.


Contudo, é preciso lembrar que o pai é um homem que já existia antes que você viesse ao mundo, e com isso ele tem toda uma história também em sua família de origem. Daí a importância do pai na nossa vida.


Quando somos crianças ou adolescentes não temos a força necessária para seguir o nosso próprio caminho. Mas ao entrarmos na vida adulta precisamos seguir em frente reconhecendo que o pai deu tudo o que ele podia mesmo que não fosse aquilo que você gostaria. É simplesmente lembrar que se você está vivo é graças a ele.


A questão é que ficar remoendo aquilo que aconteceu no passado apenas nos aprisiona a ele e nos impede de realmente entrar na vida adulta. Se você julga seu pai por qualquer motivo é grande a chance de você se punir, autossabotar ou fracassar em alguma área de sua vida, seja no trabalho ou nos relacionamentos.


O QUE FAZER COM O QUE SENTIMOS SOBRE NOSSO PAI?


É muito comum os fracassos sucessivos quando há grande crítica em relação ao pai. Muitos homens não conseguem se afirmar profissionalmente, pois estão aprisionados em alguma questão do passado relacionada à seu pai ou à família paterna.


Da mesma maneira, para as mulheres, além de afetar profissionalmente, também pode criar distância do masculino caso ela tenha alguma crítica ou exigência em relação ao masculino da sua família.


Para viver a vida com leveza de forma que tudo flua na nossa vida é necessário uma postura diante do nosso sistema familiar principalmente em relação ao pai e a mãe. Assim, o custo pela mágoa do passado é muito alto.


Muitas vezes num processo inconsciente a pessoa continua levando uma vida difícil e problemática como uma forma de Vingança apenas para não concordar com a lei da Ordem e não se reconhecer pequeno diante do pai.


O que foi feito no passado não será apagado, é real. Mas a forma como você lida com ele é que conduz sua vida no agora e para o futuro.


Será que vale mesmo a pena carregar todos esses ressentimentos? Basta que você se reconheça como parte de um sistema familiar onde várias pessoas vieram antes de você e a vida que você carrega passou através de todas elas até chegar aonde você está. Quando você experimentar este lugar, o seu lugar certo no seu sistema familiar, certamente sua vida fluirá.


Os problemas e os desafios podem continuar, afinal você está vivo, mas a forma como você lidará com eles será bem mais fluida e consciente.


E não se preocupe caso você não tenha tido a oportunidade de conviver com o seu pai ou se ele foi um pai ausente. Para a visão sistêmica a convivência pouco importa. O mais importante é você reconhecer dentro do seu coração, na sua alma, que ele faz parte de quem você é, e portanto, está em você, mesmo que você não queira.


Experimente esta postura sistêmica e veja a sua vida fluir melhor em todas as áreas da sua vida.


Publicado em: https://www.personare.com.br/a-importancia-do-pai-na-nossa-historia-m60270

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Sozinha aos 40 - Os emaranhados sistêmicos que contribuem para a solidão feminina na meia idade


A lonely girl looks out into the distance in the rain. Black and white. Loneliness
Por qual motivo tantas mulheres chegam aos 40 anos sem terem constituído uma família com um companheiro ao lado? Atualmente é crescente o número de mulheres que por volta dos 35 anos e 40 anos ainda não têm uma relação sólida que as permita constituir família. Se isso não é um desejo, está tudo certo. Mas para àquelas que sentem-se tristes e solitárias e estão em busca de algum relacionamento que enfim valha a pena investir, vale a pena entender um pouco dos emaranhados sistêmicos que as prendem de forma inconsciente e nos impedem de se relacionar saudavelmente com o outro.

Como as leis sistêmicas atuam

Na visão da constelação familiar para que possamos fluir em todas as áreas da vida é preciso estar em conformidade com as algumas leis sistêmicas que nos regem. Elas atuam em nós, mesmo que não saibamos delas. A lei do pertencimento, da ordem ou hierarquia, e a lei do equilíbrio. 

A lei do pertencimento não permite que haja exclusões no sistema familiar. Todos aqueles que fazem parte do nosso sistema de maneira que interfiram em nossa existência fazem parte. Também sentimentos e comportamentos destas pessoas pertencem. Essa é uma das leis mais importantes que dá o tom das outras. Facilmente excluímos aqueles que já morreram ou tiveram ou têm comportamentos que condenamos. Além disso, nem sempre reconhecemos os que cederam lugar para o sistema como os ex parceiros dos pais por exemplo. E ainda dinâmicas nas quais as pessoas se ligam à desconhecidos por assassinatos ou acidentes.

A lei da ordem ou hierarquia apenas revela o processo natural da vida de quem vêm antes tem prioridade no sistema. Também têm mais força e é maior. A desordem é comum quando alguém de uma geração julga ou critica outro da geração anterior por qualquer razão. Com isso desconecta-se da força que vêm da origem, da fonte, e também perde força em alguma área da vida.

E a última lei é a do equilíbrio das trocas entre o dar e receber. Esta atua em relações entre iguais: casal, amigos, e colegas de trabalho. Nela é importante eu saber equilibrar aquilo que dou mas também me permitir receber algo do outro em troca. O desequilíbrio acontece quando alguém não se permite receber ficando em uma posição superior, ou quer apenas receber sem dar, como na relação de uma criança com seus pais.

A falta de lugar

Quando transgredimos alguma lei facilmente saímos do nosso lugar em nosso sistema de origem e consequentemente no sistema atual. Isso ocorre quando inconscientemente existe alguma necessidade de resolver algo para a geração anterior. E este anterior pode ser bem antes do que imaginamos. Em alguns casos, a origem pode estar na geração dos pais dos bisavós. Como exemplo podemos pensar em uma mulher hoje que pode estar inconscientemente ligada ao destino de sua bisavó que sofreu com os homens. Desta forma ela vinga dos homens em nome de sua ancestral. Assim, ela sai de seu lugar de pequena diante de seu sistema de origem e fica grande para resolver os problemas de antes. Mas às vezes a questão nem chega a ir tão longe, basta examinar a postura diante dos pais.

A crítica a mãe

Se os pais tiveram um relacionamento conturbado e conflituoso a filha deste casal pode de alguma forma reproduzir o problema em sua relação com os homens. A tendência é pensar que se o pai foi um “mau” homem para sua mãe, então a filha incorpora a ideia de que os homens são maus e não se relaciona com eles. Mas na visão sistêmica não é tão simples. O problema muitas vezes se reside em uma relação fora de ordem com a mãe e não com o pai. Uma possibilidade é a mulher olhar a mãe como fraca ou incapaz de resolver a questão e assim não respeita o feminino dentro dela. Com isso o masculino interno se sobressai e ela afasta dos homens. Ela também pode ter sido colocada no lugar de confidente da mãe o que aumenta a possibilidade de criticá-la e se sentir maior ou melhor do que ela. Com isso, inconscientemente ela evita se relacionar para não experimentar algo semelhante ao que a mãe e correr o risco de repetir. Então não repete e fica sozinha.

O respeito ao masculino dentro de cada um

Quando a relação dos pais, ou mesmo de avós foi muito abusiva a mulher que sai do seu lugar para tentar resolver a questão, de forma inconsciente, pode repetir a dinâmica internamente. Existe o masculino e feminino dentro de cada um. Em alguns casos os conflitos são repetidos externamente e as mulheres também se submetem a relacionamentos abusivos para ser leal às mulheres da família. Contudo, a dinâmica que é reproduzida internamente quase não é percebida e é geralmente aquela que leva as mulheres a solidão. Como dito anteriormente, o masculino interno irá submeter o feminino. Então esta mulher será extremamente independente, não aceitará ajuda de forma alguma, e pode até trabalhar em excesso. Há um masculino que abusa do feminino dentro dela e isto cria uma luta contra os homens de forma externa. Então os homens se afastam pois no fundo não se sentem respeitados. 

A postura que libera

Em todos os exemplos citados podem sinalizar algumas posturas em dissonância com as leis que podem ser expressadas pelas frases: “eu me vingo por você”, ou “sou melhor que você”, “eu por você”. Estas frases atuam na alma e revelam a postura que emaranha a mulher fazendo com que ela fique só. Em contrapartida, a postura em conformidade com as leis sistêmicas precisa que esta mulher reconheça que todos as mulheres do sistema fizeram o que podiam e deram o seu melhor dentro dos recursos que tinha. Sem críticas, nem julgamentos, é possível reconhecer a grandeza com que muitas carregaram um destino muitas vezes pesado. Olhar para os pais e honrar e reverenciar cada um da forma como é e independentemente dos erros cometidos como homem e mulher que são. Quando olho com gratidão para aqueles que me deram a vida e deixo todo o resto de lado, é possível tomar a vida de forma mais plena. Assim é possível respeitar o masculino e o feminino internamente e externamente colher os frutos de uma relação a dois equilibrada. 






quarta-feira, 1 de abril de 2020

Com a postura da ajuda correta, posso ajudar melhor!




Olá!


Atravessamos um momento desafiante que vêm nos trazendo grandes reflexões. Cada um está fazendo o que pode para lidar com as limitações que nos são impostas para nossa própria preservação e dos que nos amamos. Olhar para as mortes e desespero de tantos que têm poucos ou nenhum recurso, nos remete à nossa própria fragilidade diante da vida. Mas têm atitudes mais efetivas que apenas nos lamentar por tudo isso. Se temos os recursos necessários devemos ser gratos e dentro das possibilidades de cada um compartilhar com quem não tem.


Então resolvi juntar tudo que consegui sobre locais que aceitam doações ou outras formas de ajudar os que necessitam:



Obs: Lembrando que a postura de doação não pode ser arrogante nem superior. E nem devemos olhar para quem recebe com pena ou como coitado. Somos iguais perante algo maior, com alguns com mais recursos materiais e outros menos. Mas a história de cada um pertence ao indivíduo que dá conta de carregá-la.


É preciso saber suportar o destino do outro que talvez tenha uma força e grandeza para carregá-lo que outros com mais recursos talvez não teriam em seu lugar.


A ajuda é sempre dentro da possibilidade de cada um e do desejo do outro de recebê-la! Assim crescemos todos!


Médico sem fronteiras - sem palavras para explicar o trabalho dos médicos sem fronteiras! Eles colocam várias formas de ajudar no site https://www.msf.org.br/como-ajudar Sei que você encontrará uma possível para você! :-)


Fraternidade sem Fronteiras - Eles estão com o projeto Ação Madagascar, precisa muito de recursos para continuar dando uma refeição por dia a mais de 5000 pessoas, além de oferecer, auxílio à saúde, educação e produtos para higiene. E acolher mais pessoas, pois ainda existem milhares delas, em estado de extrema vulnerabilidade. A África ainda é o país menos atingido e caso o Covid 19 se propague poderá causar milhares de mortes. Por este motivo os voluntários de outros países não podem atuar por lá para não levarem o vírus. Façamos cada um de nós nossa parte também para minimizar a FOME que dói e mata muitas crianças por dia, na África. No momento estão com uma rifa, onde cada bilhete custa R$ 10,00 , em prol do projeto. Os prêmios são:


1- Carro HB20 Nova Geração Sense 1.0


2- Corrente de ouro 18k


3- Quadro do pintor Jorge Solyano, 60x80


Abaixo, seguem contas para depósito.


Banco do Brasil Ag:5783-5 c/c 26224-2


Banco do Itaú Ag: 0091 c/c 53286-1


Bradesco Ag:3408-8 c/c 22109-0


CNPJ: 11.335.070/0001-17


Mandar o comprovante para (67) 992165924 que receberá os números para o sorteio.O sorteio será 18 de abril de 2020.
Outras informações e formas de ajudar https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/como-ajudar/



Em BH - Ação população de rua BH - Para ajudar os mais de 5 mil moradores de rua em BH a Pastoral Nacional do Povo da Rua tem recolhido doações físicas e contribuições financeiros para dar seguimento ao trabalho. Podem ser doados kits de higiene (alcool gel, escova de dente, creme dental, sabonete, shampoo, condicionador, desodorante e prestobarba), Kits Alimentação (água, suco, achocolatado e biscoitos diversos) e outros itens (mascaras, luvas, aventais, cobertor, roupas, absorventes, chinelos, barracas, sacos de lixo).

Horário de recebimento 10h às 12h e 14h às 16h. ;Quadra do Colégio Santo Antônio - Rua Santa Rita Durão, 1033. Conta para doações: Associação Pastoral Nacional do Povo da Rua - Banco Itaú ag: 3319 c/c 10712-8 CNPJ: 06.267.877/0001-20



Mais em Minas Gerais: O site reúne algumas opções em BH e Região incluindo hospitais que precisam de materiais e aglomerados e comunidades por meio de campanhas coletivas.
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/03/25/coronavirus-conheca-iniciativas-em-bh-para-ajudar-quem-precisa-durante-o-periodo-de-quarentena.ghtml


O greenpeace reuniu em seu site 14 formas de ajudar direcionando para os links adequados. A maior parte é feita através de vaquinha e nas cidades do RJ e SP. Clica lá e confere. Qualquer contribuição é bem vinda neste momento!
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/14-formas-de-ajudar-quem-precisa-durante-a-pandemia-do-coronavirus/



Estejam Bem!!

Maria Cristina Gomes

@psicologamariacristinag

www.mariacristina.com.br

terça-feira, 10 de março de 2020

Workshop vivencial em Constelação Familiar em Belo Horizonte


O que na sua vida não flui bem no momento? O que já tentou de várias formas mas não consegue mudar?  

Com a constelação familiar sistêmica temos a oportunidade de conhecer as leis sistêmicas e perceber como elas atuam em nossas vidas de maneiras variadas e que na maioria dos casos nem percebemos. Isso nos possibilita ter um novo olhar sobre os desafios e ressignificar problemas nos relacionamentos afetivos, profissionais ou familiares; bem como lidar com problemas de saúde, traumas, medos, entre outros.

Mesmo quem não deseja trabalhar algum tema específico e se propõe a apenas participar como ouvinte ou representante, se beneficia. Pois algo nos toca quando entramos em contato com outras histórias e podemos resolver em nós questões pendentes nas mais diversas áreas. Ou seja, todos os presentes em uma constelação familiar são beneficiados! 
Venha conhecer esta maravilhosa ferramenta de transformação!

COMO A CONSTELAÇÃO PODE LHE AJUDAR:

Que algo mude positivamente em meus relacionamentos; 
Que minha história de vida continue bem;
Que algo foque em paz dentro de mim e com outras pessoas; 
Que algo possa ser encerrado, e talvez que algo no meu corpo possa ser curado; 
Que eu possa sentir a vida em mim mesma, confiar nela e transmiti-la; 
Que o amor possa fluir para mim e para os outros, não apenas como um sentimento, mas como uma ação real, pela qual assumo a responsabilidade.
Tomar consciência do que está por trás do processo de autossabotagem;
Interromper processos de repetição autodestrutivos em qualquer área da vida;
Liberar as mágoas do passado para a vida fluir no presente.


Traga seu tema e vem constelar para ampliar seu olhar e acessar a solução para sua questão!
Caso deseje conhecer, participar apenas como ouvinte ou representante ou constelar uma questão, envie um email para mariacristinaconstelacao@gmail.com e demonstre seu interesse que será avisada(o) dos próximos encontros.






segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Frozen II: Será que pagamos pelos erros dos nossos antepassados?

Animação da Disney nos ajuda a refletir sobre o legado que trazemos dos nossos ancestrais e ampliar o olhar com o auxílio das leis sistêmicas da Constelação Familiar.

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Frozen II indicada ao oscar 2020 na categoria de Melhor Canção Original, chegou aos cinemas no fim de 2019 carregado de expectativas. O primeiro filme conquistou um grande público entre adultos e crianças e de certa maneira revolucionou os filmes de princesas aos quais estávamos habituados. A continuação ficou encarregada de ir além e explicar a origem dos poderes de Elsa, e com isso nos proporcionou um mergulho no passado das personagens.

No animação atual, a relação das irmãs continua sendo de muita proximidade. E como Elsa não precisa mais negar seus poderes e já aprendeu a lidar com eles, ela poderia seguir vivendo uma pacata vida de rainha de Arendelle. Contudo ela sente um ímpeto de ir em busca da verdade sobre a morte de seus pais e começa uma nova aventura acompanhada da irmã Anna, Kristoff, Olaf e Sven. 

Os conflitos que não sabemos de onde vêm

Com uma reflexão mais profunda é possível perceber que Elsa continua em conflito. No primeiro filme ela tem dificuldades de reconhecer quem ela é, e no segundo ela ainda sente que não se encontrou totalmente. E então ela se depara com um real conflito entre povos que ocorreu no passado, e como ela simbolicamente representava a união deles.

O que a Rainha sentia fazia parte de algo concreto que realmente ocorreu no passado. E ao se deparar com o fato que era representado pela briga de dois povos, ela decidiu-se por ir mais fundo até encontrar a origem do problema. 

O conflito de Elsa é muito comum em nossa vida cotidiana. Muitos sentem-se divididos, angustiados ou mesmo perdidos em seu próprio caminho e não conseguem encontrar uma causa real e atual para o sentimento que lhes perturba. Mas recorrendo à visão sistêmica e buscando um olhar mais amplo para nosso passado podemos encontrar em outros personagens da nossa história aqueles mesmos sentimentos que adotamos e repetimos insconscientemente.

Um olhar para as leis sistêmicas

A partir de um extenso estudo com famílias foi possível observar que algumas leis atuam todo o tempo mesmo que não se tenha conhecimento delas. Estas leis são a base das constelações familiares e são: Lei do pertencimento, da ordem e do equilíbrio. Basicamente as leis determinam que nada nem ninguém pode ser excluído do nosso sistema familiar; que quem chegou antes no sistema tem prioridade sobre quem chega depois e que é preciso estabelecer uma relação de troca e equilíbrio entre aquilo que é dado e o que é recebido. Sendo esta terceira lei válida para a relação entre casal e social.

Assim, somos unidos ao nosso sistema familiar por uma lealdade profunda, sendo que se alguma destas leis forem transgredidas, um ou mais membros se propõe a reparar. Está além da nossa vontade pois é uma lealdade insconsciente. O objetivo final é estar de acordo com as leis do sistema, reparando injustiças anteriores ou resgatando o fluxo do amor antes interrompido no sistema familiar.

Restaurando o fluxo do amor interrompido

Em Frozen II, Elsa se depara com um grave erro cometido pelo seu avô. Erro este que desencadeou uma série de injustiças e interferiram negativamente na vida de um povo. De alguma maneira para Arendelle existir outros foram prejudicados. Ao se deparar com a questão, a própria Elsa paga um preço e novamente ela precisa ser salva pela irmã. Anna se conecta de alguma forma com a raiz do problema e busca imediatamente sua reparação mesmo que seu lar seja prejudicado. Apenas este ato é suficiente para reparar a injustiça e Arendelle não precisa ser sacrificada.

Algumas crianças que assistiram a animação se perguntaram se o avô das irmãs era mau. E a resposta é não! Ele fez o que achava ser a coisa certa a se fazer. Contudo, para o sistema não existe certo ou errado da forma moral como aprendemos. Existe Justiça ou injustiça. Mesmo que o avô estivesse convicto de que fazia a coisa certa, cometeu uma grande injustiça e legou aos descendente as consequências dos seus atos. 

A reparação necessária é restaurar o fluxo de amor interrompido. A construção de uma barreira, que na animação foi literal, é o que causa a separação. Os atos dos ancestrais apenas irão afetar a geração presente, se forem julgados, excluídos e extirpados como algo ruim e danoso. Pois é exatamente esta atitude que pode gerar o vínculo negativo causando a repetição de atos ou sentimentos de personagens do passado. Se no passado um ancestral comete uma injustiça e no presente seu ascendente apenas o julga ou critica por isso, a injustiça continua a atuar. O amor continua interrompido. Por outro lado, reconhecer a injustiça feita e deixar o lugar de honra que o antepassado possui no sistema independente dos atos cometidos, permite que o presente flua de maneira mais livre, com amor.

Como diria Jakob Schneider, “(...) Os fatos terríveis buscam uma linguagem através das gerações, para que se exteriorizem e possam aliviar a alma.” Em Frozen I a mensagem principal foi que o amor é a força que une e liberta. E a continuação reforça, que a força que precisamos buscamos nos ancestrais, nas nossas origens, independente de quem foram ou o que fizeram. Afinal, se não fossem por eles não estaríamos aqui. Honrar, liberar e seguir em frente. Assim, liberamos as barreiras que nos separam de nós mesmo.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

História de um casamento: O bom divórcio é possível?

Filme da Netflix candidato ao oscar de 2020 traz a reflexão: O Divórcio é um luto, mas pode ser vivido de forma mais leve de acordo com a postura de cada um.
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O filme História de um casamento (Marriage Story, 2019) parece ser uma história de amor. E é! O divórcio é apenas uma consequência de atitudes inconscientes que vão sendo negligenciadas ao longo da relação. Nicole e Charlie são casados há um bom tempo e têm um filho desta relação. Parecem ser um casal perfeito e nisto também reside alguns perigos como os da projeção e idealização.

Ao longo do filme é nítido o carinho que ambos possuem um pelo outro, ao mesmo tempo, como o divórcio com os advogados em ação vai se construindo como uma luta de interesses e de quem está com a razão.

Este é o primeiro erro comum, achar quem está com a razão. Geralmente na visão de cada um, aliás como em qualquer casal, cada um acredita que o certo é o seu ponto de vista. Contudo, cada um traz formas de relacionar e atuar diante da vida de sua família de origem e pensar que existe um jeito certo é a receita para grandes discussões.

Quando nos unimos com o outro nos relacionamos com toda a história de origem dele, mesmo sem saber o que atua ali de forma oculta. Na grande maioria dos casais as brigas e conflitos tratam-se de emaranhados ou padrões trazidos da família de origem, onde um perde de vista quem realmente o outro é. A intenção não é justificar comportamentos um do outro como sendo certos ou errados. É preciso ampliar e reconhecer que cada um atua muitas vezes de forma inconsciente e que é preciso exercer uma escolha consciente diante disto.

Na visão sistêmica das constelações familiares, existe a lei do equilíbrio que rege os relacionamentos. A partir do entendimento dela percebemos que mais importante que amar demais é estar em equilíbrio de trocas em uma relação. Aliás, "dar demais", "amar demais", "dar tudo de si", geralmente é bem difícil de ser equilibrado e o outro que não consegue retribuir da mesma maneira se sente pressionado a sair da relação. Como ocorreu com o casal de protagonistas do filme. 

Muitas vezes quando ficamos conscientes dos conflitos que carregamos em nossa própria história ficamos um pouco mais livres para perceber a pessoa parceira. O objetivo de um relacionamento saudável não pode ser um tentando preencher as necessidades infantis do outro. Mesmo porque isso é tarefa impossível. A falta que fica, geralmente dos pais, nunca será preenchida por nada nem por ninguém mesmo que as tentativas sejam incansáveis.

Ao se tornar então consciente de suas própria faltas ou emaranhados em seu sistema familiar, é preciso reconhecer que o outro pode não acompanhar o mesmo processo. Então sempre há uma escolha. Concordar com o outro e o relacionamento da maneira que é e adequar a relação para o equilíbrio necessário, ou seguir em frente. E então, se a saída escolhida for o divórcio, é preciso  encará-lo como um luto, uma perda das idealizações feitas anteriormente em torno do casamento. Não há como passar por um divórcio sem dor. Reconhecer a sua dor e a dor do outro é um passo importante para um divórcio mais livre. E quando há filhos da relação, estar ciente que o casal se separa, mas os pais estarão sempre vinculados através da criança. Crianças não precisam sofrer com um divórcio. E se isso ocorre é porque, na maioria das vezes, os pais não conseguem separar as dores do casal da função parental que ocupam com os filhos. Brigas constantes e trocas de ofensas só geram mais sofrimento para a criança além de trazer uma vinculação negativa entre o casal que pode influenciar nas relações futuras.

Assim, para se ter um divórcio mais livre ou o bom divórcio, é necessário abrir mão da necessidade de estar com a razão e algumas vezes da posição de vítima da relação. Independente do que ocorreu, em algum momento houve amor e é isso que precisa ser honrado. Para seguir em frente com leveza torna-se necessário reconhecer que erros foram cometidos muitas vezes por questões sistêmicas ocultas que atuaram a nossa revelia, mas que o vínculo positivo pode se manter se o lugar do outro permanece como um registro de experiência e crescimento dentro da história de cada um.



Os pais precisam se distanciar para os filhos crescerem

Animação Klaus da Netflix traz reflexão sobre a permissão dos pais para que os filhos caminhem para a vida adulta

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A nova animação da Netflix lançada em dezembro de 2019 reconta a história da origem do Papai Noel. A trama conta a história de Jesper um aprendiz de carteiro mimado e preguiçoso que se recusa a sair de sua zona de conforto. Seu pai, o presidente dos correios, dá-lhe um ultimato: ou ele vai para Smeeresnburg, cidade nórdica praticamente esquecida do mundo e faz o envio de seis mil cartas no prazo de um ano, ou perderá seu direito na herança. Ao chegar ao local, o jovem toma conhecimento de que o lugar vive em um eterno conflito. Os clãs Krum e Ellingboes se enfrentam diariamente em uma briga centenária que varreu tudo que havia de bom na ilha. (Fonte: https://www.omelete.com.br/netflix/criticas/klaus-oscar-2020)

A estória contada na animação não está muito distante da nossa realidade. Muitos filhos adultos se recusam a crescer e serem responsáveis por suas próprias vidas por estarem sob os cuidados de pais zelosos e protetores. Claro que os pais não pensam estar fazendo algum mal aos filhos. Afinal, não custa nada ajudar. Mas a reflexão que podemos levantar é: Permito que meu filho realmente seja adulto, ou ainda o trato como criança tentando suprir todas as suas necessidades?

Na animação o pai de Jesper percebeu que o filho estava acomodado. Então opta por uma atitude mais radical, mesmo que seja doloroso saber que o filho enfrentará grandes desafios. Atitudes extremas as vezes são necessárias quando postergamos demais a mudança da postura. Se os pais mantém os filhos adultos como crianças em algum momento eles podem se deparar com um filho fraco e sem recursos para construir sua própria história. Então parece um ciclo vicioso, pois gerar filhos dependentes os fazem acreditar que eles não podem caminhar ou prosperar sem ajuda, fazendo com que eles continuem dependentes dos pais e de outros.

Não é uma postura fácil de perceber. Mesmo porque sempre há muito amor envolvido. O problema é que amor demais, geralmente é carregado de emaranhados sistêmicos, e traz mais peso que leveza. Claro que pais que não permitem que seus filhos cresçam por razões ocultas precisam deles neste lugar. Muitas vezes buscam que os filhos preencham expectativa, faltas ou vazios que já existem dentro deles. Na constelação familiar percebemos o quanto a ordem é uma lei fundamental dentro das famílias. E nestes casos é esta lei que está sendo violada.

Pais vêm primeiro no sistema familiar e depois os filhos. Contudo, muitas vezes se estes pais acreditam que não receberam dos próprios pais como deveria ou gostariam tendem a buscar nos filhos essa falta. Esta é uma dinâmica muito comum nas famílias. Com isso a ordem é invertida e todos sofrem, mas principalmente os filhos. Cabe a cada um olhar para sua própria história para que os descendentes possam ser um pouco mais livres.

O primeiro passo é confiar que o filho adulto possui os recursos necessários para cuidar de sua própria vida. Mesmo que os pais não tenham conseguido seguir em frente e estejam "presos" aos vínculos do passado seja por críticas, exigências infantis ou julgamentos; ainda sim os filhos podem caminhar com as próprias pernas. 

Mesmo que o filho adulto tenha sido colocado em lugar infantil, cabe a ele sair desta posição, mesmo que os pais não tomem atitude. Jesper se beneficiou imensamente com a atitude do pai de mandá-lo para longe e conseguiu mudar sua postura e assumir sua própria vida. Mas nem todos os pais conseguem tomar esta atitude por si mesmos. Então, cabe aos filhos adultos fazerem o que é preciso! 
Os adultos são capazes de carregar seu destino do jeito que ele se apresenta. Para isso é preciso encarar a realidade e não negá-la ou lutar contra ela. Acreditar na força do sistema familiar e tomá-la para si, sem críticas ou exigências, para caminhar mais inteiro na vida é o que nos torna adultos e nos permite seguir em frente!

Filme Rocketman e a influência da família na vida profissional

Filme baseado em fatos da vida do cantor Elton John nos ajuda a refletir sobre a influência da relação familiar em nossa vida profissional.

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O filme Rocketman (2019) vencedor do oscar 2020 de melhor canção original, é um musical que conta a trajetória de Reginald Dwight (Taron Egerton) e como se transformou no músico, ícone da música pop, Elton John. As músicas do cantor dão o tom da autobiografia que perpassa sua história de vida, incluindo as relações familiares e amorosas do músico. 

Ao longo do filme é possível perceber os conflitos e mágoas que o jovem Reginald guarda de seus pais. E mesmo com todo a riqueza e reconhecimento ele entra em um processo autodestrutivo que o leva a rever alguns capítulos de sua própria história. A partir da visão sistêmica e das constelações familiares podemos compreender os emaranhados que levam o cantor a grandes sofrimentos e a quase morte.

Quando a riqueza não é suficiente

Ninguém pode negar que Elton John é um cantor de sucesso. Foi ídolo de uma geração na década de 80 e até hoje suas músicas são tocadas e regravadas por diversos compositores. Contudo o filme mostra que o cantor passou por altos e baixos e esteve perto de destruir sua carreira. A infância foi retratada no filme e talvez para alguns sem grandes conflitos. Talvez um pai distante que separa-se e constitue outra família, e uma mãe voltada para seus próprios interesses. O garoto vai em frente e com garra e ousadia inicia uma bela carreira musical. Se envolve com drogas e em um relacionamento abusivo, e no auge da fama tenta suicídio. Nem com toda a sua fama, dinheiro e patrimônio ele conseguia ser feliz. O que ele buscava preencher dentro dele, nenhuma pessoa ou dinheiro poderiam oferecer: a falta dos pais.

Lealdade acima de tudo

Somos leais ao nosso sistema familiar. Essa é uma lei e conscientes ou não desse fato ele atua em cada um. Reginald sente-se rejeitado por ambos os pais. Mesmo que tente seguir, ele leva muitas mágoas e exigências infantis. O desejo de ser amado, como talvez não foi por sua mãe, o faz se submeter a um relacionamento abusivo. As críticas ao pai ausente o levam ao relacionamento com as drogas. Sistemicamente é uma dinâmica comum nas famílias com pessoas adictas: a falta ou ausência do pai. Isso tudo ocorre devido a esta lealdade invisível que nos une ao nosso sistema. Criticar, julgar, exigir e demandar podem levar o sujeito a fracassos ou processos autodestrutivos, tal como ocorreu com o personagem Elton John. Este tinha um aparente sucesso de público e vendas, mas o homem Reginald Dwight, permanecia olhando para as faltas do passado e buscando preencher necessidades infantis que inevitavelmente o levava a sofrimentos. 

Em seu livro Histórias de Sucesso, Bert Hellinger diz: “O maior obstáculo para nosso sucesso são as imagens internas que fizemos de nossa mãe e de nosso pai.” No fundo é uma grande pirraça para lidar com a realidade como ela é e seguir em frente apesar do passado doloroso.

Acolhendo sua própria criança e seguindo em frente

A liberação do homem Reginald Dwight ocorre quando ele mesmo acolhe o garoto rejeitado que ele fora. Os pais não mudaram a postura com ele. Ele mudou a postura com seu eu criança e com a imagem que carregava dos pais. Ele deixou de ser criança para se tornar adulto no momento em que se reconcilia com seu passado. Com isso não precisou mais das drogas nem de relações abusivas para preencher nenhuma falta. Ele reconheceu que ele tinha o suficiente e o resto cabia a ele conquistar. Os pais são como são. A realidade é como é. Cabe a cada um a escolha de ficar olhando para trás se lamentando, se queixando ou julgando, e assim fracassando no presente. Ou, tomar o que lhe foi dado, do jeito que foi e seguir em frente. Sem excluir ou rejeitar aquilo que foi, ou que aconteceu, mas honrando a vida que lhe foi presenteada e extraindo dela o melhor que puder. Assim há liberação, fluidez, sucesso e prosperidade.

Artigo publicado primeiramente em www.personare.com.br