terça-feira, 23 de julho de 2019

Heal - O Poder da Mente e capacidade de cura do corpo humano (Funciona mesmo?)

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O documentário Heal - O Poder da Mente, que estreou no serviço de streaming Netflix em 2019, traz como tema o poder da mente para a cura de sintomas físicos. Nele são mostradas diversas entrevistas com personalidades entre cientistas, médiuns e líderes espirituais e abordados casos de curas físicas a partir de tratamentos alternativos. 

Não é necessário entrar nos aspectos científicos e talvez controversos da utilização de tratamentos exclusivamente naturais para cura de doenças graves. Contudo,mesmo diante de algumas críticas ao documentário pela sua parcialidade, há um caso relatado que mesmo diante de alguns tratamentos não pôde ser curado. Assim, é possível refletir que além do poder das crenças sobre o organismos, é preciso considerar também os emaranhados sistêmicos que atuam nas pessoas.

A diretora Kelly Noonan,que conduz a pesquisa e direciona o documentário, escolhe dois casos para acompanhar. Um de mulher que tem câncer e o outro uma doença não diagnosticada que produz grandes alergias e feridas na pele. O primeiro caso foi o bem sucedido e o segundo não. Contudo, nos dois é possível levantar aspectos sistêmicos que não são abordados no documentário. 


Um olhar das leis sistêmicas sobre os casos de Heal O Poder da Mente


A primeira mulher leva uma vida extremamente saudável: alimenta-se bem, se exercita, parece ter ótima vida social e estar literalmente de bem com a vida. O diagnóstico é mesmo uma surpresa para ela e seus amigos. Isso nos leva a refletir sobre os limites para alterar um destino e algumas questões podem surgir: 

Será que alguém mais em sua família teve câncer? 

Como era a relação dela com seus pais? Eles morreram cedo? 

Algum irmão morreu, mesmo antes de nascer? Ou talvez algum tio teve uma doença crônica ou um destino difícil? Há exclusões, ou seja, alguém ou algo foi esquecido ou não pode ser lembrado? 

Estas perguntas talvez ampliassem a compreensão de que, para além dos cuidados com a saúde, é preciso olhar para todos os antepassados com amor e gratidão. Todos devem pertencer e a hierarquia precisa ser respeitada. Estes são os princípios da constelação familiar, que nos mostra que as leis sistêmicas que atuam nas relações não podem ser desrespeitadas. 

Para Bert Hellinger, organizador do método, muitos sintomas são apenas expressões de um emaranhado sistêmico, ou seja, que algo está fora de ordem no sistema familiar. Se uma das três leis -pertencimento, ordem ou equilíbrio - for negligenciada há consequências para um ou mais integrantes do sistema familiar. Geralmente quem assume a carga mais pesada é quem mais ama e quer “salvar” a todos. Contudo este amor é chamado de “amor cego” pois acaba por perpetuar dores e sofrimentos com sua lealdade inconsciente. 


Porque a EFT não funcionou em Heal o poder da mente?


Durante os relatos da segunda mulher para a terapeuta de EFT ela é indagada sobre suas vivências em família. Ela conta que precisava cuidar da mãe e que o pai havia ido embora de casa quando ela ainda era muito jovem. Elas fazem algumas rodadas de EFT sobre as emoções que emergiam dela ao lembrar e falar de sua família de origem. Mesmo assim a cliente tem uma piora e precisa tomar fortes medicamentos para conter a crise. 

A EFT é um método eficaz para liberar crenças limitantes e até curar alguns traumas. Contudo como qualquer outro método é apenas uma ferramenta. A cliente liberou as emoções naquele momento mas será mesmo que ela estava disposta a mudar sua postura? Uma das leis sistêmicas que atuam nas relações entre pais e filhos é a ordem.Na minha visão, é possível notar que ela claramente foi invertida a partir do relato de que a cliente cuidava de sua mãe, além d e um tom de crítica e julgamento quando ela se refere aos pais. 

Também há uma cena onde ela aparece com a filha e permitindo que a filha cuide de suas feridas. Com isso, ela perpetua o emaranhado no qual a mãe já se encontrava, e ainda se torna leal à mãe,repetindo a inversão de papéis com sua própria filha. A mudança de postura seria concordar com os pais como eles são, reconhecer seu lugar de filha e pequena diante deles e da grandeza da vida que lhe foi dada. 


Como ampliar o olhar, mas sem perder de vista a realidade.

É preciso lidar com os sintomas, sejam quais forem, com cuidado e respeito. Eles são uma expressão de nosso inconsciente e muitas vezes trazem a luz dinâmicas ocultas em nossas relações que talvez de outra forma não fossem vistas. Não há apenas um caminho e uma solução.

O olhar sistêmico pede uma integração de fatores em busca da melhor solução. A medicina tradicional tem seu lugar assim como a medicina alternativa. O desejo de eliminar algo por si só pode ser prejudicial, pois de algum forma estou novamente excluindo algo que pertence àquele sistema. 

O mais importante é observar qual a postura que prevalece em você. Assim será possível ampliar o olhar sobre o sistema familiar, se perceber como um indivíduo que faz parte de um grupo que é movido por leis e refletir sobre qual delas pode estar sendo ignorada ou desrespeitada. 

As ferramentas existem e podem ser úteis, tais como a EFT e a própria constelação familiar. A medicina, tradicional ou não, existe para trazer alívio às dores e sofrimento. Mas acreditar que o poder de solução é exclusivamente externo é tirar a sua própria responsabilidade. 

Por outro lado, se acreditar que tudo depende exclusivamente de você e sua forma de pensar, pode também excluir fatores importantes e desconsiderar que você faz parte de um sistema familiar e social que precisam integrar o processo.Desse modo, ampliar o olhar é assumir a própria responsabilidade, compreender as leis sistêmicas que nos regem e respeitá-las em seu íntimo. Assim, integrando todos os fatores, a vida flui e o destino - seja ele qual - for é honrado e respeitado.



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