sexta-feira, 2 de maio de 2014

SUPERE SENTIMENTOS E DORES POR MEIO DA ARTE

Filme “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” ensina a fazer pazes com passado


Sem grandes expectativas assisti ao filme “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” (Saving Mr.Banks). O filme conta a história da escritora Pamela L. Travers (Emma Thompson), que durante 20 anos negou a Walt Disney (Tom Hanks) os direitos autorais sobre seu livro “Mary Poppins”. A autora resolve negociar com Walt devido a uma crise financeira, contudo chega a ter algumas exigências absurdas para não permitir que seu livro vire um filme. 

A meu ver, as exigências e o mau humor da escritora poderiam dar um toque de humor à história, mas ficam em segundo plano. No decorrer do filme a escritora vai rememorando momentos da sua infância, que para mim é o ponto alto da obra. Vemos um contraste da criança Pamela e da adulta. A pequena gostava de sonhar e constantemente criava fantasias. Já a adulta e escritora, apesar de ter criado uma história fantástica que tomou conta do imaginário de várias crianças na época, se mostrava amarga e sem capacidade nenhuma para ver o lado bom da vida. 

Pamela tinha um pai que fazia suas vontades e se divertia com ela criando histórias com uso de uma bela imaginação. Mas aos poucos vamos percebendo que sua grande proximidade com o pai foi a causa maior de sua amargura futura. Assim, fica claro como o filme nos ajuda a refletir que é possível expressar nossos ressentimentos e dores através da arte. 

Não é preciso ser artista para superar dores do passado 
Alguns acontecimentos da infância podem nos marcar por toda uma jornada. Mas a vida nos traz oportunidades para nos depararmos com estes fantasmas do passado e fazer uma releitura do que ocorreu. Muitas pessoas que alcançaram sucesso na vida precisaram atravessar grandes crises no decorrer de suas caminhadas. 

Mas não precisamos ser escritores de sucesso para escrever sobre dores do passado, ressignificando-as. Nem grandes cineastas para fazer o filme da nossa vida. Se pudermos simplesmente escrever (cantar, dançar ou representar) sobre algum momento de grande dificuldade, podemos também dar um novo final para nossa história. Somos os donos do roteiro de nossa vida, e se não podemos mudar a história do passado, podemos sim reescrever um script do presente para que possamos viver o futuro que desejamos. O passado contribuiu para que sejamos exatamente quem somos hoje, mas ele não precisa definir quem seremos daqui em diante.

Texto originalmente publicado em Personare