terça-feira, 5 de setembro de 2023

O Trauma nosso de cada dia

Como o trauma pode repercutir em sua vida diária sem que você saiba, e o que você pode fazer a respeito.


Quando falamos de trauma, logo nos vem em mente algum fato muito trágico que nos incapacita de viver a vida com leveza e fluidez. De fato existem vivências traumáticas extremamente estressantes, mas também há muito trauma em nossa vida cotidiana que nem nomeamos como tal. A questão é que não dar importância aos pequenos sinais do corpo (ou da mente) de que algo não vai bem, é permitir que a vivência traumática se instale e impeça a liberação dos desconfortos e sintomas físicos e emocionais causados pelos mesmos. Traumas antigos, e algumas vezes em idades precoces, podem trazer muitos desafios a longo prazo. Mas com a técnica adequada é possível acessar recursos próprios que podem ajudar a liberar todas estas vivências mais desafiantes que ficaram armazenadas por tanto tempo. 


O que é trauma 


Um trauma ocorre quando o sujeito foi exposto a algum estresse pontual ou contínuo e que gera um resíduo no sistema nervoso. Ou seja, quando a pessoa passa por um evento em qualquer fase da vida que seja interpretado por ela (ou pelo seu Sistema interno) como ameaçador e que sobrecarrega a capacidade do sistema nervoso de processar e de encontrar os recursos necessários para lidar com aquele estresse. 


Assim, desde os períodos em que o sujeito encontra-se ainda no útero da mãe, bem como as fases mais iniciais de desenvolvimento onde se há pouco memória cognitiva, podem haver traumas.


Tipos de traumas


Existem os traumas que podem colapsar o sistema nervoso de uma pessoa de tal maneira que a medicação torna-se indispensável. Apenas para citar alguns, os traumas de guerra, abusos na infância, excesso de violência, são alguns exemplos de traumas que são extremamente desreguladores para um sistema nervoso e podem trazer imensos desconfortos físicos e emocionais. Também existem os traumas médicos (anestesias, acidentes, negligência médica, etc) assim como quedas e acidentes. De todos os traumas o de vínculo ou desenvolvimento é o mais silencioso pois não é ligado a um evento específico, mas a uma série de situações de negligência ou abuso físico/emocional que se dá de maneira constante ao longo da infância.


Uma abordagem para lidar com os traumas


O método da experiência somática ou SE™ - Somatic Experiencing®, é uma abordagem para lidar com traumas que foi desenvolvida pelo psicoterapeuta Peter Levine. Ele observou que a forma como os animais selvagens lidam com o estresse é universal e resume-se a três comportamentos: fuga, luta ou congelamento. Um animal indefeso pode se fingir de morto diante do seu predador (estado de congelamento) e após perceber que o perigo se retira ele volta a si dando umas sacudidelas pelo corpo para continuar sua jornada sem sequelas. Já os humanos aprendem a reprimir as emoções (e sensações) e se apoiar em justificativas racionais para tentar seguir em frente. E geralmente este é o maior problema,  pois é como se a situação ficasse congelada e o corpo aprendesse a revivê-la de várias maneiras. O estresse não liberado fica armazenado no corpo gerando problemas dos mais variados, desde sintomas físicos, emocionais e até comportamentais como baixa autoestima e procrastinação.


Cada vivência vai gerar um nível de estresse correspondente a quantidade de recursos que a pessoa já angariou ao longo da vida. Assim, uma criança que ainda está em fase de desenvolvimento tenderá a ter menos recursos para lidar com as situações traumáticas do que um adulto. Para alguns teóricos os grandes traumas estão na infância e ficam sendo revividos na vida adulta. Mas o mais importante é ajudar ao corpo e ao sistema nervoso liberar no presente o estresse acumulado independente de quando ele tenha surgido. 


O sistema sensório-motor engloba todos os sentidos e as respostas motoras e musculares. Ele desempenha um papel central e fundamental na terapia do Somatic Experiencing®, pois o método reconhece a importância das sensações físicas e das respostas do corpo ao trauma. O objetivo do SE™ é permitir que o nosso sistema processe as emoções e sensações físicas associadas a estas experiências traumáticas não resolvidas. Com isso as energia bloqueada pode ser processada e liberada ajudando na resolução de sintomas físicos, emoções desreguladas e amenizando crenças e pensamentos destrutivos.


Como perceber se o trauma está lá e o que fazer com ele.


Na verdade todos somos traumatizados em algum nível. Isso de forma alguma precisa nos impossibilitar de viver a vida com leveza. Não há nada a ser consertado, mas sim, integrado. O que ocorre é que algumas experiências vão ser mais estressantes para alguns do que para outros. Isso também se deve à quanto os pais ou cuidadores possuem capacidade de autorregulação, ou seja, de lidar com as próprias vivências traumáticas. 


Geralmente reações desproporcionais estão ligados a traumas do passado. Sabe aquela reação de raiva avassaladora por um copo ter quebrado? Ou por alguém ter dado um grito com você? Geralmente se tratam de gatilhos emocionais que vão disparar no corpo uma reação à situação vivida no passado e ao estresse já presente e acumulado. As pessoas chamadas de hipersensiveis em sua grande maioria estão nesta situação.  É como se houvesse um programa rodando em segundo plano, como nos computadores, o sistema passa a ter problemas para funcionar em sua plenitude dependendo de tudo que está ali atuando sem que se perceba.


Para lidar precisamos "atualizar nossa cpu". Contar ao corpo que o perigo já passou e que agora temos recursos. O corpo revive a situação do passado e é preciso se conectar com o presente de novo. Essa percepção é o primeiro passo para validar toda e qualquer emoção e sensação e permitir que ela se libere de uma maneira segura. Dependendo do tamanho do Trauma e estresse vivido a ajuda de um profissional capacitado é de extrema importância! Pois somente assim será possível liberar a carga de estresse retida de maneira segura e sem retraumatizacao. 



Psicóloga.

Somatic Experiencing® (Liberação de traumas)

Psicoterapia sistêmica/familiar.

Constelações Familiares.

Atendimentos presencial e online.

Youtube: Torna-te quem tu és por Maria Cristina



💞Você não precisa ficar só! Busque ajuda!

Para mais informações entre em contato em mariacristinapsi@yahoo.com.br


sexta-feira, 18 de novembro de 2022

This Is Us - Olhando para o passado e ressignificando no presente

A aclamada série This is Us pode trazer boas reflexões sobre as nossas relações



A série This is Us vem fazendo sucesso mundial desde 2016, quando estreou no canal NBC, dos Estados Unidos. A última temporada foi exibida no dia 24 de maio deste ano, após 6 temporadas aclamadas. Recentemente, voltou à cena estreando na TV aberta. 

Agora, mais pessoas serão tocadas pelos dramas e conflitos da família Pearson, que têm a história descrita sempre na perspectiva de três tempos diferentes. 

Ao longo da série, os espectadores serão tocados por vários temas atuais, contando com alternância das perspectivas entre os membros da família. Desta forma, a série permite que o espectador acompanhe o desenrolar de cada personagem e a forma como as vivências do passado de cada um vai afetando o presente e até mesmo o futuro deles.


This is Us e a família comum


Talvez o que mais aproxime as pessoas desta série é a forma como ela retrata as questões e dramas do cotidiano de uma família comum. Nada de “família margarina” por aqui. Todos os personagens de This Is Us passam por altos e baixos e expõem seus dramas pessoais e familiares o tempo todo. 

Um casal com muitas diferenças se une e busca construir uma família com filhos. E nesta história de ganhos, perdas, doenças, saúde, exclusão, inclusão, união, separação, várias dicotomias vão se apresentando no caminho.


O perigo da perfeição


O destaque vai para o personagem que parece ser o mais bem resolvido, mas também é o que traz fantasmas bem complexos: Randall, o filho que foi adotado logo na maternidade. É o que mantém a relação de família mais bem construída, com a namorada que conhece desde a juventude. 

Ambos constroem juntos uma família com diversidade e aceitação. Randall aparenta ser o mais ponderado e prestativo, sempre disposto a ajudar. No entanto, ao longo da série, vamos percebendo as nuances deste personagem. Ele vai em busca da família de origem? Sente falta dela apesar de ter sido adotado ainda bebê? 

É interessante refletir sobre a postura de perfeição que ele carrega e o peso que isto traz ao personagem. Aos poucos, Randall vai se mostrando frágil e vulnerável como os outros personagens de This Is Us e tem a oportunidade de atravessar grandes desafios sempre contando com a ajuda da mulher incrível ao lado dele. 


Olhando para o passado e entendendo o futuro


A ideia da série de transitar pelo tempo dos personagens em etapas diferentes da vida é um dos fatores que torna This is Us tão interessante. Com isso, acompanhamos o drama de um personagem do início ao fim em alguns momentos em um mesmo episódio. 

No presente, é possível ir traçando a linha do tempo junto ao apresentado na série e com isso entendendo melhor certos padrões de comportamentos e atitudes que ocorrem no momento atual.

Temas complexos como a morte de um filho, adoção, morte do cônjuge, ausência do pai, conflitos com a mãe, relação entre irmãos, autoestima, e o impacto das doenças na família são visitados pela série. 

Ao acompanhar a família Pearson, vamos compreendendo como cada acontecimento vai moldando cada um dos personagens de forma singular. E isso nos traz reflexões para nossos próprios padrões familiares.


Traumas que marcam uma vida


A morte de um membro querido sempre é marcante, bem como as separações, exclusões e rompimentos. Os personagens passam por alguns lutos ao longo da série. Isto nos faz refletir o quanto somos marcados por acontecimentos traumáticos do passado ou mesmo no presente. 

É importante reconhecer as marcas e o efeito que elas provocam. Alguns, inclusive, com sintomas físicos. Em This is Us, os personagens buscam o apoio sempre dentro da família e com as pessoas próximas. 

No entanto, é importante saber o momento certo de buscar ajuda profissional. Mesmo que racionalmente seja possível entender o que ocorreu, o corpo pode guardar as marcas e manifestar as emoções escondidas no inconsciente.


Refletindo sobre nossa própria história


Na visão sistêmica, percebemos muito constantemente processos repetitivos nas famílias. Fatos positivos ou negativos são re-vivenciados em nossa história e com isso temos a chance de ressignificá-los, caso sejam muito dolorosos. 

Alguns acontecimentos da infância certamente podem marcar toda uma jornada. Porém, a vida também traz oportunidades para que, ao topar com os fantasmas do passado, seja possível fazer uma releitura do que ocorreu e até mesmo dar um novo significado. 

Todos os personagens de This Is Us vão enfrentar seus fantasmas em algum momento. É bonito perceber como cada um vai encontrando o recurso necessário para superar os desafios. Se há algo em comum entre eles, são os relacionamentos que cultivam ao longo da vida. 

Dentro da nossa realidade, é de extrema importância perceber as repetições. São elas que sinalizam que algo precisa ser ajustado na postura interna. A mesma forma de se relacionar e o mesmo padrão de comportamento, por exemplo, podem ser sinais de que estamos sendo leais a algo do nosso sistema familiar. 

Uma psicoterapia com a visão sistêmica ou a utilização de técnicas como a constelação familiar podem ajudar a trazer para a consciência o que de outra forma não seria percebido. Afinal, não assistimos à nossa vida passar diante da TV para ter clareza do que se passa em nosso íntimo. Com os personagens é sempre mais fácil. 


A importância das relações


Os protagonistas, a família Pearson, têm histórias tocantes. No entanto, nenhuma delas seria possível sem os “coadjuvantes”. A série é plena em mostrar a importância de se manter boas relações durante a vida. Seja dentro da família, pais, irmãos, mas também os amores e amizades. 

É lindo como todos ao redor se tornam recursos para nosso protagonistas em muitos momentos avançarem e superarem os desafios. Isso só reforça a importância de cultivarmos relações saudáveis e termos por perto pessoas nas quais podemos confiar. 

Mesmo dentro da família de origem, com os desafios e conflitos enfrentados, todos acabam encontrando uma maneira de se reconectar e olhar para o essencial. Deixam de lado as diferenças de opinião e passam a respeitar a forma que cada um adota de ver a vida. 

Este certamente é um grande exercício para todos no cotidiano. Olhar para o que é essencial, o que realmente importa naquela relação, e utilizar as diferenças para somar e crescer e não para subtrair algo do relacionamento. 

Que a possibilidade de acompanhar uma série sobre a família seja uma oportunidade de refletirmos sobre as escolhas do dia a dia e como nutrimos diariamente nossas próprias relações. 


Publicado originalmente em www.personare.com.br



sexta-feira, 4 de novembro de 2022

AUSÊNCIA MATERNA: COMO LIDAR?

 Embora seja difícil, é possível encarar a ausência materna e ir ao encontro do nosso próprio resgate



A ausência materna sendo ela por morte ou não, deixa marcas, pois mexe com o sentimento de não ter por perto a pessoa mais importante da sua história. Afinal, a vida veio através da mãe e a ausência dela gera medos, inseguranças, carências, além de outras dificuldades na vida pessoal e profissional. 


Mas será que há uma saída para lidar com a ausência materna? Como conviver com essa sensação de abandono? Será que ela é mesmo real?


Entenda como um olhar mais sistêmico pode lhe auxiliar a compreender e lidar com essa sensação e te liberar para um caminho mais leve diante da vida.


Ausência Materna: a importância da mãe na vida de cada um


Os pais que não se ofendam, mas é fato que a mãe é a primeira pessoa mais importante da nossa existência. Porém, para gerar a vida, é preciso do homem e da mulher, então o pai entra com 50% da função essencial. 


No entanto, apenas a mãe é suficiente para que esta vida se mantenha nos meses iniciais. Ela gera e dá a nutrição essencial nos primeiros meses de vida e, por isso, os bebês precisam tanto das mamães. 


Se por qualquer razão esta mãe se ausentar fisicamente, a criança sentirá sua falta. Mesmo que suas necessidades sejam preenchidas, e que ela seja muito amada, a ausência materna será sentida e, certamente, levada para a vida adulta.


É na relação com a mãe que primariamente aprendemos a nos relacionar com os outros. O quanto essa relação transmite confiança e segurança é a medida que iremos também nos sentir seguros para confiar nos outros. Não é o único fator, mas é de grande relevância.


Até mesmo a relação com o trabalho passa pelo vínculo com a mãe. Pelas mesmas razões anteriores, se nos sentimos validados e reconhecidos pela mamãe, certamente faremos escolhas profissionais mais conectadas com a nossa essência e estaremos mais abertos a servir a vida e permitir que o fluxo de abundância ocorra naturalmente.


Presença física não significa entrega


Embora a mãe seja a pessoa mais importante para o nosso desenvolvimento, isso não lhe tira a imperfeição. Antes de ser mãe, ela é uma mulher comum que também é filha. A mãe carrega uma história pregressa ao nascimento dos filhos e ela leva isso junto em suas relações de família. 


Assim, pode ser que a mãe não consiga estar disponível para os filhos. Ela está presente, mas geralmente há uma queixa de que ela não age como uma mãe deveria, e talvez até nem ame da forma ideal.


De fato, há muitos fatores pelos quais uma mãe pode se ausentar, como alguma doença que a incapacite física ou emocionalmente. Pode ser ainda que ela esteja muito emaranhada em sua família de origem e ainda ligada a parceiros anteriores, o que impede a sua real presença e cuidado com o filho.  


Mas seja qual for a razão para os filhos, nada justifica, pois certamente a criança vai sentir os efeitos do que se passa com sua mamãe. Porém, o problema torna-se interminável quando o adulto ainda têm exigências com sua mãe. E logo veremos os efeitos desta postura.


Ausência materna por morte


Chegamos à ausência que parece inevitável. A morte é o fim da vida, então, a ausência materna passa a ser uma constante. Mesmo sabendo que a morte é o curso natural do ciclo de vida ela ainda é temida e mal falada. 


Até para se referir à morte é comum as pessoas usarem o “perdi” minha mãe. Como se o fato dela ter morrido é responsabilidade nossa. O termo morte me parece bem menos cruel neste caso, mas dizer “minha mãe morreu” parece muito definitivo para alguns.


Vou comentar uma experiência pessoal: minha mãe faleceu em 2010. Ela me viu casar, mas não esteve presente fisicamente no nascimento de minhas filhas. Por algum tempo, vivi a ausência materna. 


Com isso, sentia os efeitos desta postura na minha vida pessoal, familiar e profissional. Conflitos desnecessários com minha filha ocorriam e não conseguia alavancar minha carreira. Só consegui me encher de sua presença quando ajustei minha postura interna com a ajuda da filosofia sistêmica e da constelação familiar. Aí sim, a vida começou a fluir em todas as áreas.


O peso interminável de permanecer com a ausência


São inúmeros os efeitos de permanecer na ausência. Se você está conectada com a ausência materna, fica conectada com a morte. Você se retira da vida sem perceber. Pode evitar relacionamentos ou boicotar os que já existem. 


Cada vez que alguém sai da sua vida é um sofrimento interminável e desproporcional. Deixa de confiar nas pessoas, pois tem medo que elas te deixem também. O trabalho e outras coisas importantes para sua vida podem perder o sentido. 


Desta forma, essa postura voltada para o menos pode gerar perda de dinheiro ou até mesmo danos à saúde. Fora que outras pessoas ainda podem sentir o efeito junto, pois você pode se afastar emocionalmente do cônjuge ou dos filhos, ou eles de você. 


Além disso, seus filhos podem começar a apresentar sintomas de ordem física ou emocional como forma de manter você na vida.


Como seguir em frente?


Para seguir em frente, é preciso colocar algumas coisas no lugar. Em caso de ausência materna por morte, o luto precisa ser vivido. Não adianta evitar a dor, pois certamente pode gerar mais sofrimento e até traumas que ficam no corpo. 


Sendo assim, se permita sentir a dor com consciência e, junto com ela, outros sentimentos que vão surgir como raiva e tristeza. Deixar que as crianças participem do processo é essencial.


Aos poucos, procure lembrar do que foi vivido juntos. Mesmo que ainda gere tristeza, parar de falar sobre o assunto como se a morte fosse um tabu é excluir a mãe do seu sistema. Os mortos querem ser lembrados, mas também deixados em paz.


Lembrar não é lamentar. É saber que a mãe cumpriu seu papel e completou seu destino do jeito que foi possível. Ao olhar no espelho, você a enxerga atrás de seus olhos e continua viva e presente dentro de você. 


E ela se alegra se você seguir em frente e honrá-la, fazendo de sua vida algo bom. Que legado você está deixando? É nele que a sua mãe vai se perpetuar, assim como você futuramente.


Não importa como foi essa mãe, se foi boa ou ruim. Esses rótulos só servem como pesos que nos impedem de caminhar. Ela foi suficiente e isso basta para você fazer o melhor que puder com a vida que lhe foi dada. 


Ela pode não estar ao seu lado fisicamente, mas a presença dela é inevitável em tudo que você é e faz. Então, o que lhe resta é cuidar bem da filha ou filho dela, Você!


Maria Cristina Gomes

Psicóloga

mariacristinapsi@yahoo.com.br


Texto originalmente publicado em www.personare.com.br 

SAÚDE MENTAL: COMO SABER SE A MINHA ESTÁ EM EQUILÍBRIO?

Saiba quais são os indicadores de alerta que é hora de cuidar da sua saúde mental.



Saber se a saúde mental está em equilíbrio tem sido uma dúvida cada vez mais comum. Afinal, a vida precisa ser vivida com leveza e, para isso, precisamos nos sentir bem emocionalmente. 


Mesmo diante de problemas e desafios da vida é possível manter a estabilidade e lidar com as dificuldades dentro do possível. Assim, os excessos emocionais podem indicar, junto a outros fatores, que algo não vai bem com sua saúde mental e talvez esteja na hora de procurar uma ajuda profissional.


A seguir, vamos falar sobre os possíveis indicadores que sua saúde mental não está bem, e como fazer para reestabelecer o equilíbrio. Quer saber mais? Confira tudo! 


Saúde mental: indicadores físicos


Fique atenta (o) se você vive em volta de sintomas. Quando um sintoma vai dando lugar a outro é um alerta de seu corpo que algo precisa de atenção. A grande maioria dos sintomas tem raiz emocional e, aqueles que não tem, podem se relacionar a traumas vividos ao longo da vida, e que ficam registrados no corpo.


No caso de questões somáticas advindas de traumas, o ideal é buscar um profissional específico da área. Muitos acreditam que precisam conviver com dores crônicas ou sintomas repetitivos e isso vai gerando um turbilhão de sentimentos relacionados à impotência de se fazer algo a respeito. Com isso, a saúde mental é prejudicada por algo que precisa ser trabalhado e liberado no corpo.


Você sabia que até o excesso de cansaço físico e mental pode ser resultado de questões de desordem sistêmica onde você assume papéis e lugares que não são seus? Mesmo quem trabalha muitas horas seguidas pode terminar o dia mais leve se estiver exercendo apenas a sua função, sem se emaranhar em problemas alheios.


Indicadores emocionais


Nenhum sentimento em excesso é natural. Todo o excesso implica uma falta. Viver em estado constante de tristeza, raiva e medo é um alerta de que, provavelmente, a sua saúde mental não está em equilíbrio.


Contudo, é importante lembrar que todos os sentimentos fazem parte da existência como humanos. Por isso, eles devem ser acolhidos e vividos quando surgem. Agora, se todos os dias a tristeza te acompanha, assim como os pensamentos negativos, gerando dores e sintomas, já passou da hora de buscar ajuda. Isso vale para qualquer emoção. 


É bom ficar atenta (o) ao que as pessoas a sua volta dizem se te veem frequentemente triste ou com raiva. Perceber se faz sentido e reconhecer o excesso de sentimentos é o primeiro passo para a cura.


Indicadores comportamentais


Perceba como age diante da vida, nas relações pessoais e familiares. Comportamentos impulsivos, junto ao excesso emocional, vão indicar que a saúde mental pode não estar bem. 


Brigas constantes e agressividade gratuita precisam ser percebidos e investigados. No outro extremo, se isolar do contato social e evitar vivenciar situações prazerosas e divertidas também são sinais de alerta.


Torna-se importante esclarecer que nada disso é bom ou ruim, certo ou errado. Sair destes rótulos é essencial para que o primeiro passo seja acolher tudo o que ocorre. 


Alguém que sempre agiu muito passivamente pode começar a explodir mais frequentemente com os outros com a intenção de estabelecer limites. A agressividade saudável é importante, mas é possível equilibrar as emoções para que possam ser melhor expressadas.


Indicadores sistêmicos


Sabe aquela depressão que toda a família tem? Alguns sintomas físicos ou emocionais que vão se repetindo ao longo de gerações podem simbolizar problemas sistêmicos. E unindo todos os outros indicadores, todo esse excesso pode nem ter relação com você, mas sim ser fruto de sentimentos adotados de algum outro lugar ou pessoa do seu sistema familiar. 


Neste caso, se você já buscou ajuda de alguns profissionais, mas não obteve resultado, pode ser que uma psicoterapia na visão sistêmica ou constelação familiar lhe ajude de forma mais efetiva.


Como melhorar a saúde mental?


Buscar ajuda profissional é sempre a melhor opção quando o assunto é saúde mental. O apoio de um especialista é necessário quando você, mesmo sozinha (o), buscou acolher suas emoções mas não teve êxito. Alguns acreditam que apenas ler livros ou ver vídeos sobre o tema é suficiente. Certamente pode te ajudar nas percepções, mas há um limite.


Principalmente quando se trata de problemas sistêmicos ou traumáticos, a ajuda de um profissional específico ou que seja hábil em ambas é essencial. Como psicóloga sistêmica, percebo que a visão do sistema como um todo, junto aos conhecimentos de traumas e experiência somática, auxiliam em um olhar mais integral dos meus clientes.


Nem tudo é proveniente de assuntos não resolvidos com família de origem ou lealdades inconscientes até para repetir um sintoma. Mas, se for o caso, o olhar sistêmico é fundamental! 


Contudo, alguns traumas que são vividos ao longo da vida, inclusive no próprio nascimento, podem desencadear uma série de problemas que vão dificultar que a saúde mental esteja em equilíbrio. Dessa maneira, precisam de espaço para serem liberados do corpo. Em muitos casos, todas as questões anteriores atuam juntas, o que torna-se ainda mais fundamental a busca do profissional capacitado.


Ou seja, o primeiro passo é que você deve sempre perceber que o natural da vida é fluido e leve, e se o seu cotidiano traz a vivência contrária, é preciso acolher e buscar a ajuda mais apropriada. 


Maria Cristina Gomes

Psicóloga

mariacristinapsi@yahoo.com.br


Texto originalmente publicado em www.personare.com.br 

terça-feira, 29 de março de 2022

Filme no ritmo do coração e uma reflexão sobre nosso lugar na família



No ritmo do coração, filme de 2021 disponível na Amazon Prime vídeo, foi o ganhador do oscar de melhor filme e ator principal no último domingo. 


De forma leve e descontraída o tema da lealdade familiar é central! Numa família de deficientes auditivos só a filha caçula nasceu sem a deficiência... Ela acaba sendo a mediadora entre a família e o mundo e se depara com um momento de seguir o sonho de ser cantora ou permanecer neste lugar junto a família.


Vale a pena assistir e refletir sobre os lugares que nos colocam (e que sustentamos) e nos questionar: será que somos tão essenciais assim? Será que permanecer no lugar onde fomos colocados também não é se agarrar à segurança do conhecido? Será que não criamos/mantemos um motivo nobre para evitar os desafios (e o medo) de seguir um caminho diferente?


Claro que o filme é agridoce em muitos aspectos diferente da dureza da realidade que nos apresenta...Mas mesmo diante de uma dura realidade podemos ousar buscar um caminho próprio e se reencontrar com seu próprio lugar. 


E mesmo que não queira pensar em nada disso aproveite a sensação leve que fica no final do filme.... em meio a filmes e séries muitas vezes densos e pesados, aproveite este para só curtir a experiência 🙃


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Maria Cristina Gomes 

✔Psicóloga sistêmica e consteladora familiar

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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A arrogância de querer salvar os pais

 



👉"Por certo, na minha personalidade havia um lado pretensioso, desde criança, que me levou achar que seria capaz de assumir funções tão descabidas. Por mais que meu pai requisitasse mais e mais esse tipo de ajuda, e que minha mãe expressasse sempre uma grande dependência de mim, foi na minha cabeça que tudo se gerou e cresceu." Luiz Schwarcz 


Este é o trecho do livro O Ar que me falta - história de uma curta infância e uma longa depressão, que me livrou ao livro.  O editor Luiz deu uma entrevista ao Bial no conversa com Bial em março deste ano onde ele contava brevemente sua história e falava dessa arrogância de salvar os pais. 


Porque quando crianças somos colocados em lugares que muitos não tem força pra sair. Mas quando adultos é preciso tomar a vida e seguir adiante voltando para o lugar. Cuidar da criança ferida torna-se responsabilidade do adulto que nos tornamos. Assim seguimos mais livres e autorresponsáveis. As vezes é preciso uma ajudinha para reencontrar sua própria força e raiz e aí entra a psicoterapia. O autor fez anos de análise e isso se reflete em um texto lúcido de alguém que mesmo com tantos desafios não se mostra como vítima. 


Obs: Se quiser ver a entrevista completa com direito a um complemento de Sidarta Ribeiro, neurocientista, que fala como podemos herdar traumas da família, está disponível na Globoplay no dia 4/3/21 ou no youtube só a parte do Luiz:  https://www.youtube.com/watch?v=3l_BAeo_lXg


Maria Cristina Gomes 

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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Os efeitos de uma criança estar no meio dos pais

 


"Também compreendi que a tarefa de alegrar o matrimônio dos dois era impossível. Essa conclusão chegou com 40 anos de atraso. Quando minha vida havia sido preenchida por esse objetivo." Luiz Schwarcz - O Ar que me falta


Os efeitos são pesados para as crianças que se sentem responsáveis pela união dos pais. Na verdade todas tem em algum nível a ideia em seu imaginário que os pais precisam ficar juntos e algumas assumem a responsabilidade por isso. Se percebem brigas constantes podem fazer sintomas (seja na saúde ou na escola) para capturar aquele conflito e os olhares se voltem para ela. Se os adultos não estão atentos eles podem permitir e até endossar este lugar para as crianças. 


Mas o fato que quando adultos é preciso rever... A criança pode ter suas fantasias e nem tem suficiente força ainda para questionar o ambiente, estar consciente para estar no seu lugar. Mas o adulto pode e deve se fazer este questionamento a medida que percebe os emaranhados que estar fora do lugar traz para sua própria vida. Não é uma regra, faça isso ou faça aquilo. Mas perceber o quanto a vida flui e os efeitos em nós de mantermos os lugares e posturas de sempre.


E é com esse olhar que o autor vai fazendo suas reflexões ao longo de sua autobiografia.


Seguimos refletindo...


Maria Cristina Gomes 

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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Os efeitos da exclusão dos filhos que não nasceram para os irmãos

 



👉 "O não reconhecimento do filho morto, assim como todo o silêncio que cercou as inúmeras tentativas de ter filhos, pesou bem mais do que se a verdade tivesse sido dita. Meus pais, que queriam nesse caso me proteger, escondiam de si mesmos também o fracasso em ter "um time de futebol de filhos". É dessa forma que minha mãe expressa o desejo do casal na época. "Um time de futebol" que parou no goleiro." 


Luiz Schwarcz em O Ar que me falta - História de uma curta infância e uma longa depressão.


O fundador da editora companhia das letras faz uma bela reflexão de sua história e conta recortes de sua infância e paixão pelo futebol sendo goleiro sua posição predileta. Assim faz uma metáfora sobre o peso que carregou (mesmo inconscientemente) dos irmãos que não nasceram antes dele. Na visão sistêmica das constelações familiares as crianças que não nasceram precisam ser incluídas como filhos. É um movimento feito no coração sem julgamentos de qualquer ordem. Ignorar os não nascidos tem consequências para a ordem dos irmãos que vêm depois. Muitos não conseguem achar seu lugar no mundo, na vida, por estarem fora de lugar no seu sistema familiar. 


A análise do autor do livro não é pela visão sistêmica, mas sem saber de nada disso ele relata seu sentimento de carregar o peso de não saber racionalmente (mas saber no coração). Além disso, como "filho sobrevivente " recebeu toda a projeção e cuidados excessivos dos pais, além de vivenciar as inúmeras dores e tristeza de sua mamãe. Ali também começou a inverter papéis e ser o bom filho para proteger os pais de mais dores e preocupações. Teve que amadurecer rápido tornando sua infância curta como diz o título do livro.


Continuamos refletindo...


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