segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A arrogância de querer salvar os pais

 



👉"Por certo, na minha personalidade havia um lado pretensioso, desde criança, que me levou achar que seria capaz de assumir funções tão descabidas. Por mais que meu pai requisitasse mais e mais esse tipo de ajuda, e que minha mãe expressasse sempre uma grande dependência de mim, foi na minha cabeça que tudo se gerou e cresceu." Luiz Schwarcz 


Este é o trecho do livro O Ar que me falta - história de uma curta infância e uma longa depressão, que me livrou ao livro.  O editor Luiz deu uma entrevista ao Bial no conversa com Bial em março deste ano onde ele contava brevemente sua história e falava dessa arrogância de salvar os pais. 


Porque quando crianças somos colocados em lugares que muitos não tem força pra sair. Mas quando adultos é preciso tomar a vida e seguir adiante voltando para o lugar. Cuidar da criança ferida torna-se responsabilidade do adulto que nos tornamos. Assim seguimos mais livres e autorresponsáveis. As vezes é preciso uma ajudinha para reencontrar sua própria força e raiz e aí entra a psicoterapia. O autor fez anos de análise e isso se reflete em um texto lúcido de alguém que mesmo com tantos desafios não se mostra como vítima. 


Obs: Se quiser ver a entrevista completa com direito a um complemento de Sidarta Ribeiro, neurocientista, que fala como podemos herdar traumas da família, está disponível na Globoplay no dia 4/3/21 ou no youtube só a parte do Luiz:  https://www.youtube.com/watch?v=3l_BAeo_lXg


Maria Cristina Gomes 

✔Psicóloga sistêmica

✔Atendimentos online e presencial

Email: mariacristinapsi@yahoo.com.br


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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Os efeitos de uma criança estar no meio dos pais

 


"Também compreendi que a tarefa de alegrar o matrimônio dos dois era impossível. Essa conclusão chegou com 40 anos de atraso. Quando minha vida havia sido preenchida por esse objetivo." Luiz Schwarcz - O Ar que me falta


Os efeitos são pesados para as crianças que se sentem responsáveis pela união dos pais. Na verdade todas tem em algum nível a ideia em seu imaginário que os pais precisam ficar juntos e algumas assumem a responsabilidade por isso. Se percebem brigas constantes podem fazer sintomas (seja na saúde ou na escola) para capturar aquele conflito e os olhares se voltem para ela. Se os adultos não estão atentos eles podem permitir e até endossar este lugar para as crianças. 


Mas o fato que quando adultos é preciso rever... A criança pode ter suas fantasias e nem tem suficiente força ainda para questionar o ambiente, estar consciente para estar no seu lugar. Mas o adulto pode e deve se fazer este questionamento a medida que percebe os emaranhados que estar fora do lugar traz para sua própria vida. Não é uma regra, faça isso ou faça aquilo. Mas perceber o quanto a vida flui e os efeitos em nós de mantermos os lugares e posturas de sempre.


E é com esse olhar que o autor vai fazendo suas reflexões ao longo de sua autobiografia.


Seguimos refletindo...


Maria Cristina Gomes 

✔Psicóloga sistêmica

✔Atendimentos online e presencial

Email: mariacristinapsi@yahoo.com.br


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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Os efeitos da exclusão dos filhos que não nasceram para os irmãos

 



👉 "O não reconhecimento do filho morto, assim como todo o silêncio que cercou as inúmeras tentativas de ter filhos, pesou bem mais do que se a verdade tivesse sido dita. Meus pais, que queriam nesse caso me proteger, escondiam de si mesmos também o fracasso em ter "um time de futebol de filhos". É dessa forma que minha mãe expressa o desejo do casal na época. "Um time de futebol" que parou no goleiro." 


Luiz Schwarcz em O Ar que me falta - História de uma curta infância e uma longa depressão.


O fundador da editora companhia das letras faz uma bela reflexão de sua história e conta recortes de sua infância e paixão pelo futebol sendo goleiro sua posição predileta. Assim faz uma metáfora sobre o peso que carregou (mesmo inconscientemente) dos irmãos que não nasceram antes dele. Na visão sistêmica das constelações familiares as crianças que não nasceram precisam ser incluídas como filhos. É um movimento feito no coração sem julgamentos de qualquer ordem. Ignorar os não nascidos tem consequências para a ordem dos irmãos que vêm depois. Muitos não conseguem achar seu lugar no mundo, na vida, por estarem fora de lugar no seu sistema familiar. 


A análise do autor do livro não é pela visão sistêmica, mas sem saber de nada disso ele relata seu sentimento de carregar o peso de não saber racionalmente (mas saber no coração). Além disso, como "filho sobrevivente " recebeu toda a projeção e cuidados excessivos dos pais, além de vivenciar as inúmeras dores e tristeza de sua mamãe. Ali também começou a inverter papéis e ser o bom filho para proteger os pais de mais dores e preocupações. Teve que amadurecer rápido tornando sua infância curta como diz o título do livro.


Continuamos refletindo...


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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Ser o centro da vida dos pais é um lugar grande demais para uma criança


O trecho completo 👉 "No conjunto, o ambiente familiar complicado pelo período da separação e a constante perda dos outros filhos tão desejados contaminará cotidianamente o ar da minha casa, resultando numa forte pressão sobre meus ombros. Desde muito pequeno, compreendi ter assumido o papel de principal provedor da alegria do lar. Meu pai dizia que eu deveria sempre lembrar que ele era meu melhor amigo, e vice-versa. Ele repetia e repetia isso, à exaustão, enquanto minha mãe me entupia de cuidados e preocupações. Assim, no centro da minha infância, foi se fermentando um senso de responsabilidade quase patológico. Eu vivia preocupado em nunca desagradar meus pais." Luiz Schwarcz em sua autobiografia: O Ar que me falta - História de uma curta infância e uma longa depressão.


recorrente em muitos adultos que quando criancas precisaram se responsabilizar por seus pais de alguma forma. Reflexão para os pais que exigem dos filhos um suprimento afetivo que é grande demais para eles suportaram. Alguns filhos precisam se rebelar de forma extremista como uma forma de saírem deste lugar, o que também pode trazer efeitos pesados. 


Além disso, colocar o filho num lugar central após perdas sucessivos também é dar a ele um peso grande demais para carregar...eles até conseguem mas os efeitos chegam e as vezes bemmm devagar...


Se quando criança o lugar errado é ocupado  é preciso reencontrar o seu lugar no mundo, ele é seu, o certo para você e certamente mais leve, mesmo com desafios. 


Vamos refletindo...


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sexta-feira, 25 de junho de 2021

As lealdades inconscientes nos impedem de seguir com leveza

 

Joan Garriga fala um pouco de lealdades inconscientes em seu livro Bailando juntos: "As vezes acontece uma forma de lealdade pelo sofrimento que não nos permite assumir nosso próprio bem-estar devido a essa fidelidade mal interpretada para com outros membros do sistema que padeceram."


Neurose de classe, sindrome de aniversário, lealdades inconscientes, amor cego, todos estes termos que compõem a visão sistêmica estão relacionados aos dizeres do Garriga. Inconscientemente adotamos uma postura que ser leal ou pertencer implica em fazer igual ou não se permitir ir mais longe dos que vieram antes. 


No momento em que vivemos isto se torna especialmente relevante, pois até mesmo para pertencer ao grupo maior que sofre perdas e passa por dificuldades de toda ordem, estar bem e em paz é muitas vezes ter que sustentar uma consciência pesada. Mas é assim que avançamos. 


A consciência pesada, uma certa culpa, faz parte no processo de ir além... E com isso todos que vieram antes se alegram com a evolução do sistema. E mesmo fazendo diferente ainda iremos pertencer!

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Papel da mãe: significado na Constelação Familiar




A mãe exerce papel fundamental em nossa história. E este é um dos motivos onde esta relação, é a causa de 80% dos problemas que levam às pessoas aos consultórios de psicologia. Há muitas nuances, pois sistemicamente nunca olhamos para uma causa e um efeito. Mas é fato que o papel da mãe é de extrema importância para o fluir da vida em todas as instâncias. 


Entenda como a visão sistêmica da constelação familiar pode lhe auxiliar a compreender essa importância e saiba como pode trazer leveza para sua vida tomar a mãe no coração e seguir em frente. 


Papel da mãe: significado na Constelação Familiar


“Toda relação começa com a mãe.” Esta frase de Bert Hellinger dá o tom da importância da mãe na vida de cada ser. A maioria dos problemas surge quando algo ocorreu neste primeiro relacionamento, quando ele não se dá na plenitude. A importância primordial vem do fato de que foi ela quem gerou a vida que pulsa em você. Se você respira agora foi porque aquela mulher te alimentou e sustentou por alguns meses suficientes até você chegar à vida. A vida veio através dela em toda sua grandeza. Além disso, aquelas que puderam, sobreviveram ou seguiram mais um tempo, certamente alimentaram e cuidaram de você em suas necessidades básicas. Algumas podem não ter conseguido dar continuidade nos cuidados posteriores, mas ainda assim, o lugar dela é de honra e respeito. 


A constelação familiar vê a mãe (e o pai) como pessoas.Não trata-se de uma mãe ou pai ideais. Também não tem nada a ver com o que puderam dar, ou o que retiraram. Tomar a mãe é concordar com um fato, reverenciar a vida que veio por meio dela. Você toma a pessoa e na medida que faz isso, tem a vida em sua plenitude. A partir deste simples ato, o sucesso profissional pode chegar e os relacionamentos podem ser mais leves. 


Para Hellinger a compreensão da mãe é filosófica. Nada retira a grandeza da vida. Muitas coisas desafiantes podem ter ocorrido desde o nascimento até sua chegada na vida adulta. Questões e fatos que ficaram no meio de sua relação com sua mãe. Mas por mais desafiante e doloroso, a vida ainda é maior. É com ela pulsando que tudo é possível de ser ressignificado, reelaborado e reconstruído. Com este olhar, a mãe é perfeita em sua função e nenhuma mãe é pior ou melhor que a outra. Todas transmitiram a vida e a isso nada pode se acrescentar ou subtrair. 


Relação entre mães e filhas ou filhos


“A mulher só se torna mulher com a mãe. O homem só se torna homem com o pai.” Esta máxima da constelação costuma causar muitos questionamentos, contudo nela há um movimento natural do ser. Mais uma vez a compreensão vai além das questões ideológicas. É preciso voltarmos ao movimento essencial do ser. O feminino flui através do feminino, assim como o masculino fluirá através do masculino. Psicologicamente todos contemos o masculino e o feminino em nós. E buscar este equilíbrio é fundamental para bons relacionamentos. 


A relação da mãe e da filha costuma ser mais complexa. A mulher possui um papel mais desafiante, por isso ela torna-se também tão especial e fundamental para o fluir da vida no mundo. A menina precisa fazer um movimento de retorno à mãe que os meninos não precisam. Por volta dos 7 anos as crianças vão em direção ao pai internamente. Este movimento é importante para a psique das crianças. Lembrando que o movimento é interno, na alma ou inconsciente, não necessariamente uma atitude física pois nem sempre é possível. O pai têm um papel importante de conexão com a criança no mundo externo, social e profissional. Ele a leva para ver o mundo. Mas a menina precisa retornar para a mãe após um tempo para seguir com o feminino fortalecido em suas raízes. O menino deve seguir com o pai. Quando este movimento não ocorre, a menina prefere ficar com o papai e o menino se recusa a ir com o pai ou volta para a mãe, ambos podem ficar frágeis em suas relações afetivas posteriormente. Na constelação familiar chamamos de Filhinha do papai e Filhinho da mamãe.


A filhinha do papai, será aquela mulher que não achará um homem à altura do papai para se relacionar. Podem buscar o pai nos homens (ou pessoas parceiras) e como uma criança deseja ser cuidada e atendida em todas as suas necessidades. Poderá também apresentar muita rivalidade com a mãe. É uma falta de lugar na vida e pode ter uma insatisfação constante no trabalho e na profissão. 


O filhinho da mamãe, por sua vez, poderá sempre se envolver e seduzir muitas mulheres e nunca conseguir se estabelecer em uma relação séria. Um Don Juan por exemplo seria um bom exemplo de filhinho da mamãe. Ele também pode buscar uma mãe na relação e ficar dependente emocionalmente da parceira (o). 


No caso destas dinâmicas descritas uma das leis sistêmicas está sendo desobedecida, a lei da ordem ou hierarquia. Nela precisamos ser pequenos diante de ambos os pais respeitando a prioridade de chegada no sistema e reverenciando a vida que veio através deles. Os filhinhos da mamãe e filhinhas do papai geralmente estão grandes diante de um deles. Assim, não há leveza e em alguma área da vida algo não irá bem. Os pais podem reforçar estas dinâmicas nos filhos, que quando criança não possuem muitas defesas. Os filhos ficam entre os pais com esta postura. Mas ao se tornarem adultos cabe a cada um voltar ao seu lugar. 


Bert Hellinger descreve um exercício simples para esta dinâmica: Quem percebe que é uma filhinha do papai, olha para o seu pai e lhe diz, piscando o olho: “Sou apenas a sua filha. Para outro papel, sou pequena demais”. A mesma coisa faz o filhinho da mamãe com sua mãe. Olha para ela e lhe diz: “Sou apenas o seu filho. Para outro papel, sou pequeno demais”. Curiosamente, isso é um alívio para todos, inclusive para os pais.( Livro: Um lugar para os excluídos, 2006).


Vale ressaltar que não há nenhuma relação com orientações sexuais ou identidades de gênero. Aqui se trata do feminino e masculino em sua essência e existente em todos os seres humanos. E mesmo que os pais estejam ausentes física ou emocionalmente da educação e crescimento das crianças, o movimento é o mesmo e se dá internamente. O que ocorre é que talvez seja preciso uma ajuda profissional para direcionar neste caso, seja uma psicoterapia sistêmica ou uma constelação familiar. 


Como descobrir a relação com sua mãe


Para saber se você tem problemas em tomar sua mãe, olhe a sua volta e perceba se sua vida está travada em algum processo. O primeiro lugar onde visitamos é sempre a relação com a mãe. Em seguida vamos ao pai e aos que estão excluídos do sistema familiar. Segundo a lei do pertencimento, estamos ligados a todos os nossos ancestrais por vínculos inconscientes e nada nem ninguém pode ser excluído sem que o sistema sofra algum efeito. Assim, uma vida que não flui pode se relacionar com algo fora de ordem ou excluído, mas se a postura diante dos pais está de acordo com a ordem, a clareza para onde encontrar a solução fica maior diante dos desafios.


Se você tem muitas críticas e julgamentos contra sua mãe, isto pode se voltar contra você caso também opte pela maternidade. Se você é mãe e os conflitos com sua filha são grandes provavelmente há algo na sua relação com sua própria mãe que precisa ser revisto. Talvez queira ser uma mãe melhor e dar o que não teve. Parece uma intenção nobre e claro que é possível fazer diferente, mas não por ser melhor que a mãe, mas por ter mais recursos que ela mesma lhe propiciou. A geração anterior teve seus próprios desafios e já trazem um legado. Reconhecer isto não é justificativa para ações danosas, mas concordar com o passado para conseguir seguir em frente mais livre. 


Problemas de confiança nas relações amorosas também podem ter origem em dificuldades na relação com a mãe. Se quando criança sua mãe teve que se ausentar por algum motivo, saúde, outra gravidez, ou mesmo morte, você pode ter registrado um pequeno trauma da separação e isso trazer consequências em suas relações afetivas e sociais. O caminho é o mesmo, tomá-la no coração com tudo que foi do jeito que foi para seguir sua vida mais livre. 


As mães (ou pais) adotivos exercem um papel importantíssimo e ao mesmo tempo bem delicado. O êxito na adoção e na relação entre esta mãe e seus filhos e acolher no coração a origem da criança independentemente de qualquer ocorrido. 


Mãe narcisista: uma categoria ou rótulo?


Recentemente é comum escutarmos o termo Mãe narcisista. O Transtorno de personalidade narcisista (TPN), é um transtorno de personalidade catalogado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV. O fato da mãe ter ganhado notoriedade para este transtorno (você provavelmente não ouviu muito falar de pai narcisista) é devido a sua importância e influência na forma como conduzimos a vida adulta.  


A questão é: saber o diagnóstico da mãe lhe ajuda a compreendê-la com amor ou reforça uma postura de vítima em você? Claro que a postura da mãe (assim como o pai) provoca efeitos e alguns bem desafiantes. Mas sendo um transtorno, trata-se de um processo mental e que talvez não houvesse escolha consciente. Não trata-se apenas de um comportamento errado, mas de ser a única forma que aquela mulher sabia se comportar. Talvez houvesse motivos pregressos, lealdades inconscientes, ou mesmo questões biológicas e/ou genética. O fato é que se o diagnóstico dela não pode ser alterado, a sua postura diante dele pode. Talvez não seja fácil sem ajuda profissional para reconstruir e ressignificar, mas certamente é possível se você fizer uma escolha de seguir olhando para o futuro. 


Como superar as dores causadas pelas mães 


Costumo dizer que precisamos separar as instâncias. Dentro da mulher mora uma mãe e a relação que precisamos acertar é com esta. Afinal, a mulher traz sua bagagem que já existia antes de você. Suas dores e feridas estão todas lá. Mas ela deu à luz em algum momento e neste momento você tem a vida através desta mãe e isso deve ser colocado em primeiro plano. Não precisa ficar em um ambiente aversivo, com a tal mãe narcisista por exemplo, onde residem dores e mágoas. Pode se afastar, se possível, mas no coração a mãe precisa ir com você. A mulher pode até ficar para trás, mas a mãe que te gerou e alimentou precisa ser honrada. 


O que ocorre é que as culpas são carregadas. Se você acusa a mãe no coração, automaticamente age contra a lei da ordem e pode causar processos de autossabotagem como expiação. As pessoas se vingam inconscientemente da mãe sendo infelizes, assim podem justificar seu fracasso e continuar acusando a mãe. Não traz bons efeitos para ninguém e quem mais perde é você mesma (o). 


O passado não precisa definir quem você é. Você pode tirar a força que precisa de todos os desafios que vivenciou ou olhar para o que lhe faltou no processo. Se você acreditou que precisava carregar as dores da mamãe por amor a ela ou mesmo por elas terem sido depositadas em você, está na hora de devolver a quem de direito. Reconhecer que diante dela é pequena e que não pode carregar nada por ela. Este é um movimento que é feito no coração, sem acusações, apenas concordância do que foi para seguir livre. 


Dependendo do tamanho do dano ou dor causadas, o processo deve ser feito em um processo terapêutico por um profissional capacitado que irá acolher suas dores e te ajudar a ressignificar. Uma constelação familiar com um profissional de sua confiança também pode trazer a luz as questões envolvidas e lhe ajudar a liberar o que te aprisiona.


Saiba mais sobre a Constelação Familiar


A técnica pode ser aplicada em grupo ou individual, presencialmente ou online. Você leva ao constelador o tema ou questão que percebe ter dificuldades em solucionar e se coloca receptivo e centrado para as informações que surgirão no campo. O método é fenomenológico, então não há como prever o que irá surgir, é uma observação do que atua naquele momento. O campo mórfico funciona como um inconsciente coletivo onde todas as informações são “armazenadas” e qualquer pessoa que esteja livre de intenções pode acessar. O ideal é que o cliente consiga se manter neutro e receptivo, mas nem sempre é possível devido às resistências inconscientes. Mas um bom constelador deve estar sempre centrado e isento, para inclusive acolher as resistências do constelado. É importante buscar um bom profissional no qual você sinta confiança e empatia. 


Para além da técnica, é importante ter compreensão das leis sistêmicas mencionadas anteriormente e tomar a decisão de olhar para a frente. A postura interna diante do seu passado é que define como você caminha para o futuro, não os fatos em si. A vida chegou até você e se você se alegrar com isso pode fazer dela algo grandioso, nas suas relações e profissão. 


Originalmente publicado em https://www.personare.com.br/autor/maria-cristina

Traumas de infância: como superar pela Constelação Familiar

 Entenda a importância e cuidados ao lidar com os traumas de infância e outros traumas e quando a constelação familiar pode ser eficaz.


Durante a vida é possível que pequenos traumas ocorram mesmo de forma inconsciente. Mais comumente na infância podemos passar por vivências traumáticas que ficam registradas no corpo e no emocional podendo trazer alguns efeitos negativos na vida adulta.

Ao longo do texto, entenda mais sobre os traumas de infância e outros traumas que podem advir inclusive dos nossos ancestrais, e saiba como e quando a constelação familiar pode ser utilizada para obter resultados mais eficazes e não provocar maiores danos.

Traumas de infância: o que são segundo a Constelação Familiar

Ter um trauma, de maneira geral, significa que em algum momento de sua vida você passou por uma situação tão intensa e estressante que seu corpo e mente passaram por algum tipo de dissociação, como uma resposta de luta e fuga comum em animais diante de um predador. O registro ocorre no corpo e normalmente vem seguido de emoções que remetem à dor causada na situação em questão.

Vivências traumáticas vividas na infância podem acarretar problemas dos mais variados na vida adulta, dos mais graves, como ataques de pânico ou ansiedade, aos mais comuns mas não menos importantes, como inseguranças exageradas ou mesmo bloqueios ao se relacionar com alguém afetivamente.

As constelações familiares nos revelam que mesmo traumas ocorridos em gerações anteriores podem influenciar a vida dos descendentes devido aos vínculos sistêmicos e lealdades invisíveis. 

Como identificar traumas de infância

Para identificar um trauma é de extrema importância um acompanhamento com um profissional de Psicologia ou Psiquiatria. O grau de desconforto com que o trauma se manifesta em cada um é que determinará se precisará de uma associação de profissionais e técnicas.

Mas para saber se precisa buscar uma ajuda profissional, perceba se uma ou mais áreas da sua vida é extremamente desafiante para você. Se há sintomas como crises de ansiedade ou ataques de pânico sempre quando se depara com uma situação específica pode ser que haja um trauma relacionado. Mesmo sintomas físicos podem aparecer após um trauma mesmo que nunca se tenha feito uma associação entre ambos. Às vezes o trauma está tão inconsciente e interferindo em algum processo no fluir da vida sem que a pessoa perceba, que apenas num processo terapêutico ele se revela. 

Na infância muitos traumas podem ocorrer e apenas serem percebidos em uma psicoterapia ou em uma constelação familiar. Podem ocorrer traumas no nascimento e mesmo causado por separações dos pais, mesmo que aparentemente, tudo tenha sido superado, ou você nem tenha conhecimento. 

Uma criança que tenha ficado muito tempo longe dos pais por motivos de saúde de algum deles, pode gerar o trauma de separação, que é um dos mais comuns de ocorrer e perceber em constelações. Neste caso, a criança registra um certo abandono, mesmo que não tenha ocorrido de fato. Com isso, na vida adulta pode ter dificuldades de se relacionar afetivamente pelo receio de ser rejeitada ou abandonada. Esse é um trauma simples que é facilmente percebido em uma constelação familiar. 

Como superar traumas de infância

Há várias abordagens psicológicas que podem ajudar a tratar um trauma. Cada uma à sua maneira irá conduzir o cliente da maneira mais apropriada e segura para uma superação do trauma. Uma constelação familiar é uma técnica, portanto, ela não é recomendada para tratar um trauma muito profundo.. Esta é uma função do processo psicoterapêutico. Contudo a constelação pode ser uma grande aliada em alguns casos que precisam ser levados em consideração junto a um profissional de preferência que tenha conhecimentos sistêmicos. 

Primeiramente, é necessário notar se realmente é um problema para você. Se pesquisar muito por aí, talvez encontre muitos sintomas físicos e emocionais, ou mesmo atitudes que podem ser desencadeadas por um trauma. Mas faça uma autorreflexão e sinta se aquela questão realmente impede sua vida de fluir com leveza. Se houver dúvidas, o primeiro caminho é sempre começar um processo com um profissional de psicologia. Caso os sintomas sejam muito intensos pode contar com a ajuda de um psiquiatra também. Existem muitos livros e técnicas de autoaplicação que podem ajudar, mas ainda assim, o acompanhamento profissional é de extrema importância. Ativar um trauma sem estar pronto para lidar com ele, pode causar transtornos ainda maiores.

Como ajudar alguém com traumas de infância

Uma constelação familiar é uma técnica, portanto, ela não é recomendada para tratar um trauma. Esta é uma função do processo psicoterapêutico. Contudo a constelação pode ser uma grande aliada. Assim, caso você sinta que tem um trauma, ou conhece alguém que queira ajudar, o primeiro passo é procurar um psicólogo. Se o interesse por em constelação familiar, busque um profissional sistêmico que alie esta ferramenta ao seu trabalho ou busque um constelador através de indicações que seja de extrema confiança. A forma como o profissional conduz fará a diferença nos resultados desejados.

Cuidado com a vontade de ajudar alguém que passa ou passou por um trauma. Pois mesmo com uma ótima intenção, caso não seja um profissional capacitado para tal, pode causar mais danos. O ideal é acolher sempre com muito amor. Ser um bom ouvinte, sem julgar nem propor soluções pode ser de grande ajuda. Lembre-se que se tratar de um adulto ele possui suas próprias escolhas e deve ser respeitado deste lugar. Nada que lhe impeça de sugerir aquilo que acredita poder ajudar, mas cuidado para não pressionar pois pode ter um efeito oposto do desejado. 

Se é pai, mãe ou cuidador de uma criança que acredita ter vivido alguma experiência traumática siga a orientação anterior de buscar ajuda profissional com um psicólogo sistêmico caso também haja interesse na técnica da constelação familiar. E atenção: mesmo que suspeite que o trauma tenha tido a participação de um dos pais, cuidado como conduzirá a situação com a criança. Ela precisa e deve ser protegida, mas não ataque ou condene ninguém nem mesmo verbalmente na frente da criança. Brigas e acusações entre cônjuges na frente dos filhos podem piorar as vivências traumáticas. Lembre que o primeiro caminho é sempre buscar uma ajuda profissional.

O que a Constelação Familiar pode fazer por você

A técnica da constelação familiar pode ajudar a trazer à luz as questões que estão ocultas para você ou te fazer entrar em contato com seu próprio centro e seu lugar no seu sistema familiar. Em caso de vivências traumáticas, como orientado antes, pode ser necessário um acompanhamento psicológico ou em parceria com um psiquiatra. 

A técnica pode ser aplicada em grupo ou individual, presencialmente ou online. Você leva ao constelador o tema ou questão que percebe ter dificuldades em solucionar e se coloca receptivo e centrado para as informações que surgirão no campo. O método é fenomenológico, então não há como prever o que irá surgir, é uma observação do que atua naquele momento. O campo mórfico funciona como um inconsciente coletivo onde todas as informações são “armazenadas” e qualquer pessoa que esteja livre de intenções pode acessar. O ideal é que o cliente consiga se manter neutro e receptivo, mas nem sempre é possível devido às resistências inconscientes. Mas um bom constelador deve estar sempre centrado e isento, para inclusive acolher as resistências do constelado. É importante buscar um bom profissional no qual você sinta confiança e empatia. 

Caso surjam sintomas físicos referentes ao trauma durante a constelação é de extrema importância avisar ao constelador caso ele não tenha notado. Em casos de constelações em grupo presenciais pode ser que apenas assistindo a uma constelação de outra pessoa você tenha um trauma ativado. Também é importante avisar ao constelador sobre a questão. Caso note algum sintoma, lembre-se de respirar pausadamente e repetir mentalmente quem é você e onde você está. Isto pode ajudar a aliviar até que o constelador que conduz possa fazer algo a respeito. 

Traumas de antepassados podem surgir em constelações. Às vezes aquele sintoma físico ou emocional que você não encontra nenhuma referência em sua vida pode estar relacionado com algum trauma anterior no seu sistema. Para as constelações os vínculos sanguíneos e lealdades inconscientes são poderosos e perpassam gerações. Se houve algum ancestral que morreu muito jovem por uma situação traumática, e se isto foi excluído de alguma forma do seu sistema familiar, por ser um segredo ou apenas ter sido esquecido, algum descendente pode reviver o trauma de alguma forma como uma espécie de trazer a luz àquela questão oculta. 

O ideal é compreender os processos sistêmicos que envolvem estas repetições para sanar o problema. Somos conduzidos pelas leis sistêmicas do pertencimento (ninguém ou nada pode ser excluído do sistema familiar), ordem (atua no âmbito familiar onde quem vem antes é maior e tem prioridade e por isso deve ser respeitado como tal) e equilíbrio (trocas equilibradas nas relações sociais e afetivas), nas quais os processos de repetição muitas vezes estão vinculados. 

O que nos faz reviver um trauma de um antepassado é um profundo amor pelo sistema e uma lealdade inconsciente. Contudo, trata-se do que chamamos de amor cego, onde não percebemos o amor dos nossos ancestrais por nós e que sofrer para trazer os excluídos de volta ao sistema é provocar mais dano que solução. Compreender todo este processo nos faz olhar com amor para as dores e traumas pois eles querem de alguma maneira comunicar algo que está ausente. E mesmo as vivências traumáticas ocorridas na infância ou ao longo da vida devem ser tratadas com cuidado e respeitadas enquanto sintomas pois as reações talvez fossem as únicas possíveis diante dos acontecimentos. Assim, não pense em simplesmente eliminar o problema, mas olhar para tudo com amorosidade para conseguir se libertar dos grilhões que lhe impedem de viver sua vida com mais leveza.


O que significa Honrar pai e mãe na constelação familiar

Como é a visão da constelação familiar sobre a função da mãe e do pai em nosso sistema familiar e porquê é importante honrar e respeitar seus lugares





Na visão da constelação familiar o lugar dos pais é primordial. Honrar pai e mãe ou tomar os pais são frases comumente ditas que às vezes causam confusão na maneira de entender e aplicar. Alguns apenas de ouvi-las já descartam entender melhor sobre a constelação familiar por achar que existe algo de um dogma ou religião. 


Assim, é importante esclarecer o real sentido e aplicação desta frase e a importância de sua compreensão para permitir que sua vida flua com mais leveza em todas as áreas da vida. Além disso, entender um pouco das leis sistêmicas e do que consiste a técnica da constelação familiar pode ajudar a colocar sua vida de volta no lugar.


Honra teu pai e tua mãe: conheça a origem da frase


Quando alguém escuta esta frase através da constelação familiar, mesmo se não for religioso, pode se lembrar dos 10 mandamentos. Caso você não saiba, um deles é "Honrar pai e mãe”. Une-se a isso o fato do precursor da constelação familiar, Bert Hellinger, ter sido um padre católico, para que as interpretações equivocadas comecem. Alguns pressupõem que foi de lá, da bíblia católica que Hellinger retirou um dos dizeres mais conhecidos na constelação familiar. Mas, fato é que Hellinger estudou e trabalhou muitos anos, após deixar de ser seminarista, com vários grupos utilizando várias técnicas terapêuticas até perceber, fenomenologicamente*, as leis sistêmicas que atuam nos sistemas familiares. 



(*”O método fenomenológico, a contemplação, provêm do recolhimento. Isso significa persistir numa coisa até que algo que estava oculto se desvende diante do olhar interior e mostre a sua essência.” Bert Hellinger - Um lugar para os excluídos)



Assim, não há uma origem definida. O mais importante é o significado. É uma compreensão mais filosófica do que religiosa. É uma contemplação do que estas duas pessoas representam em nossas vidas, já que apenas existimos porque eles permitiram. Esta á a compreensão fundamental, a vida veio através deles e por isso merece ser honrada. Mesmo que todo o restante que veio depois do nascimento tenha sido bastante desafiante. Se há vida, é possível ressignificar e fazer diferente. E esta atitude é honrá-los. 


Honrar pai e mãe na Constelação Familiar: por que?


Os efeitos de não tomar ou honrar pai e mãe podem ser sentidos em todas as áreas da vida. Isso deve-se às leis sistêmicas que conduzem os sistemas familiares. Bert Hellinger observou que há 3 leis que se não consideradas, ou desrespeitadas, podem trazer efeitos negativos em nossas vidas. São elas: 


  • Lei do Pertencimento - Todos que possuem vínculos sanguíneos (exceto primos) pertencem ao nosso sistema e não podem ser excluídos. Também aqueles a quem se gerou um benefício ou prejuízo existencial, que possibilitou a vida continuar ou trouxe alguma morte ou interrupção. A exclusão de um dos membros pertencentes repercutem em futuras gerações.


  • Lei da ordem - Quem chegou primeiro no sistema têm prioridade e é grande. Quem vem depois é pequeno. Não tem relação com importância, apenas com hierarquia e prioridade. O desrespeito à ordem traz efeitos no nosso lugar em nossa vida. Não tomar pai e mãe tem relação direta com esta lei. Reconhecer a ordem e prioridade de quem vem antes é que permite tomar o que lhe foi dado e seguir em frente de forma mais livre.


  • Lei do equilíbrio - atua nas relações de casais e sociais. O movimento é de trocas, onde na relação alguém dá mas também recebe do outro em trocas equilibradas. 


Se a vida flui em todas as áreas é provável que esteja em ressonância com estas leis. Em contrapartida, problemas e conflitos surgem de forma constante quando em dissonância com alguma delas. Por isso, tomar ou honrar pai e mãe torna-se fundamental. Não reconhecer o valor do que lhe foi dado por eles, poderá trazer alguns efeitos negativos. Os mais comuns são: Brigas e conflitos constantes em casal; não conseguir encontrar uma pessoa parceira para se relacionar; problemas constantes com figuras de autoridade no trabalho; desarmonia e dificuldade com os filhos; carência e cobranças excessivas com amigos, etc. Assim, estar em desarmonia com a lei da ordem, onde se enquadra tomar ou honrar os pais, torna a vida mais pesada e conflituosa de maneira geral ou em alguma área específica. 


Como honrar pai e mãe na Constelação Familiar


Se você percebeu que tem dificuldades em tomar o amor de seus pais este já é o primeiro passo. Afinal, problemas de toda ordem acontecem e o último lugar para onde as pessoas procuram a solução é em sua relação com os pais. A compreensão filosófica pode ajudar desde que seja internalizada. 


É preciso soltar todas as críticas, exigências, reclamações, julgamentos e faltas para seguir em frente. Talvez muito lhe faltou em afeto e acolhimento, mas talvez tenha sido o máximo que conseguiram lhe oferecer. Fazer a separação da pessoa que é o pai e a mãe, do homem e mulher com todos os emaranhados sistêmicos que trazem com eles. Eles vieram antes e já trazem toda uma história de amor cego e lealdades invisíveis por seus ancestrais. Talvez também estejam fora de ordem ou de lugar em relação aos seus próprios pais. Perceber isso, é ver os pais como pessoas comuns ao mesmo tempo respeitando o lugar de cada um em sua existência. 


O mais importante e onde há muito equívoco, honrar não é fazer igual. Muitos dizem que se a pessoa está repetindo um destino está honrando os pais de forma negativa. Mas não há como honrar de forma negativa. Honrar é tomar o amor e seguir em frente. É positivo. Mesmo que seja desafiante, é leve. É reconhecer o passado, talvez com o peso que teve, com as dores e feridas que houveram nas gerações anteriores e honrar tudo que foi da melhor maneira que você puder com os recursos que você tem. Talvez porque para eles foi pesado, para você pode ser um pouco mais leve, e é assim que você honra. Se alegrando com sua vida e indo em busca, como adulto, daquilo que ainda precisa.


Saiba mais sobre Constelação Familiar


Talvez sua vida não esteja fluindo em alguma área e pode ser que alguma das leis sistêmicas mencionadas esteja sendo negligenciada. Ou você carrega imensas mágoas em relação aos seus pais e não sabia como seguir em frente. A técnica da constelação familiar pode ajudar a trazer à luz as questões que estão ocultas para você ou te fazer entrar em contato com seu próprio centro e seu lugar no seu sistema familiar. 


A técnica pode ser aplicada em grupo ou individual, presencialmente ou online. Você leva ao constelador o tema ou questão que percebe ter dificuldades em solucionar e se coloca receptivo e centrado para as informações que surgirão no campo. O método é fenomenológico, então não há como prever o que irá surgir, é uma observação do que atua naquele momento. O campo mórfico funciona como um inconsciente coletivo onde todas as informações são “armazenadas” e qualquer pessoa que esteja livre de intenções pode acessar. O ideal é que o cliente consiga se manter neutro e receptivo, mas nem sempre é possível devido às resistências inconscientes. Mas um bom constelador deve estar sempre centrado e isento, para inclusive acolher as resistências do constelado. É importante buscar um bom profissional no qual você sinta confiança e empatia. 


Mas, atenção: A constelação é apenas uma técnica. Ela não faz milagres, nem conserta nada para ninguém. No fundo é a sua postura diante do que percebe e das mudanças que deseja fazer. Se já há a percepção do problema e o entendimento das leis sistêmicas e ainda assim, a mudança não ocorre, talvez pode ser mais eficiente trabalhar em um processo terapêutico suas resistências e lealdades inconscientes. Saiba que sua vida pode fluir sempre para melhor e com mais leveza, mas o principal responsável que ditará se isso ocorrerá é você! 


O impacto do pai em nossa história.



Nutrir ressentimentos pelos pais podem causar problemas em nossa vida pessoal e profissional. Saiba como  lidar para fazer escolhas mais livres.

Muitas vezes a infância e/ou adolescência não foi como nós idealizamos. Seja por ausência de amor, afeto, cuidado, ou a presença de desafios maiores, como traumas ou violência. 

É verdade que às vezes ambos os pais ou um deles tem responsabilidade sobre todas essas questões que vivenciamos no passado. Mas quando você carrega todos esses ressentimentos, feridas, e mágoas para a vida adulta, quem paga o preço é você.

Para a visão sistêmica a relação com o pai tem grande importância seja na vida pessoal ou profissional. Bert Hellinger, terapeuta alemão, percebeu que haviam três leis que atuavam sobre os relacionamentos familiares. Estas leis, do pertencimento, da ordem, ou do equilíbrio, atuam de forma a interferir em todas as áreas de nossas vidas mesmo que não tenhamos conhecimento das mesmas. Assim, se estamos em dissonância com alguma delas certamente algum problema mais desafiante enfrentaremos no nosso caminho.

Mas por quê afinal o pai é tão importante? 

Na visão sistêmica parte-se do pressuposto que a vida vêm através dos pais e por este motivo eles merecem um lugar de respeito.  O que ocorre depois disso, ou seja, ao longo da infância e adolescência, não retira o lugar deles nem a grandeza da vida que foi dada. Da mesma forma pela lei da ordem os pais chegam antes ao sistema familiar e por isso diante deles somos pequenos.  Isso quer dizer que devemos honrá-los deste lugar independentemente do que eles falam, fazem ou demonstram.

O que ocorre então, é que se você mantém  qualquer julgamento ou crítica a respeito de seu pai, alguma consequência isso trará para sua vida. O pai pode ter sido alcoolista, ter tido algum fracasso muito grande na vida, ter perdido todo o dinheiro, ter sido muito rígido e autoritário, ou simplesmente não esteve presente no crescimento dos filhos. Tudo isso pode gerar marcas na criança ou adolescente que certamente leva essas dores para a vida adulta. Contudo o que é preciso lembrar é que o pai é um homem que já existia antes que você viesse ao mundo, e com isso ele tem toda uma história também em sua família de origem. E quando somos crianças ou adolescentes não temos a força necessária para seguir o nosso próprio caminho. Mas ao entrarmos na vida adulta precisamos seguir em frente reconhecendo que o pai deu tudo o que ele podia mesmo que não fosse aquilo que você gostaria. É simplesmente lembrar que se você está vivo é graças a ele.

A questão é que ficar remoendo aquilo que aconteceu no passado apenas nos aprisiona a ele e nos impede de realmente entrar na vida adulta. Se você julga seu pai por qualquer motivo é grande a chance de você se punir, autossabotar, ou fracassar em alguma área de sua vida seja no trabalho ou nos relacionamentos. É muito comum os fracassos sucessivos quando há uma grande crítica em relação ao pai. Muitos homens não conseguem se afirmar profissionalmente pois estão aprisionados em alguma questão do passado relacionada à seu pai ou a família paterna. Da mesma maneira, para as mulheres além de afetar profissionalmente também pode criar uma distância do masculino caso ela tenha alguma crítica ou exigência em relação ao masculino da sua família.

Para viver a vida com leveza de forma que tudo flua na nossa vida é necessário uma postura diante do nosso sistema familiar principalmente em relação ao pai e a mãe. Assim o custo pela mágoa do passado é muito alto. Muitas vezes num processo inconsciente a pessoa continua levando uma vida difícil e problemática como uma forma de Vingança apenas para não concordar com a lei da Ordem e não se reconhecer pequeno diante do pai. O que foi feito no passado não será apagado, é real. Mas a forma como você lida com ele é que conduz sua vida no agora e para o futuro. 

Será que vale mesmo a pena carregar todos estes ressentimentos? Sendo que basta que você se reconheça como parte de um sistema familiar onde várias pessoas vieram antes de você e a vida que você carrega passou através de todas elas até chegar aonde você está. Quando você experimentar este lugar, o seu lugar certo no seu sistema familiar, certamente sua vida fluirá. Os problemas e desafios podem continuar, afinal você está vivo, mas a forma como você lidará com eles será bem mais fluida e consciente.

E não se preocupe caso você não tenha tido a oportunidade de conviver com o seu pai. Pois para a visão sistêmica a convivência pouco importa. O mais importante é você reconhecer dentro do seu coração, na sua alma, que ele faz parte de quem você é, e portanto, está em você, mesmo que você não queira.

Experimente esta postura sistêmica e veja a sua vida fluir melhor em todas as áreas da sua vida.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Algumas dinâmicas sistêmicas envolvidas na traição



A traição assombra a maioria dos casais. O medo dela ou a ânsia de cometê-la podem estar relacionadas com lealdades inconscientes para com a família de origem e outras causas sistêmicas estudadas nas constelações familiares. O conhecimento das dinâmicas mais comuns e das leis sistêmicas podem evitar sofrimentos entre os casais e até mesmo trazer alívio e reparação para a relação.


Visão Sistêmica


Primeiramente é importante ressaltar que a partir da visão sistêmica precisamos nos isentar do julgamento. Esta é a armadilha mais comum e que mais separa os casais após uma traição. A moralidade do que se percebe como certo e errado diz respeito a valores e crenças aprendidas na cultura e na própria família de origem, mas também é pretexto para que se criem papéis de vítimas e inocentes que em uma relação de casal quase sempre é prejudicial. Ao ampliar o olhar sobre as relações podemos perceber que muitos comportamentos são formas distorcidas de lealdade ao sistema familiar e dar lugar aos excluídos de um sistema. 


Leis sistêmicas 


Para compreender este processo é preciso lembrar que na ótica das constelações familiares há três leis sistêmicas que nos conduzem e que se infringidas trazem efeitos pesados nas vidas e relações. São elas: Lei do pertencimento, lei da ordem e lei do equilíbrio. A lei do pertencimento diz que ninguém do sistema ou que pertence pode ser excluído; a lei da ordem ressaltar que os que vieram antes têm prioridade e são maiores dos que chegam depois no sistema; e a lei do equilíbrio é a lei das trocas, do dar e receber,  nas relações sociais e afetivas. Todas elas atuam o tempo todo e apesar da lei do equilíbrio ser a dos relacionamentos, todas podem influenciar em processos de infidelidade.


Dinâmicas da traição


Segundo o psicólogo e constelador Joan Garriga autor do livro “O amor que nos faz bem - quando um e um somam mais que dois”,  existem algumas dinâmicas ocultas que podem contribuir para a infidelidade conjugal. Vamos a elas: 


Primeira dinâmica - Problemas sexuais no casal


Se em uma relação afetiva um dos dois não está disponível sexualmente (e neste caso podem ter outras inúmeras dinâmicas sistêmicas envolvidas),  este que possui a dificuldade e evita o sexo sente-se liberado quando o outro tem um amante. É como se inconscientemente a pessoa deseja-se a presença de uma terceira pessoa para isentá-la de lidar com seu problema sexual. Assim, ela mantém o status quo do relacionamento como tal, e o amante faz que a relação permaneça como está. E o traído ainda pode ter o benefício (inconsciente) de ser a vítima da infidelidade e ficar como aquela que está com a razão. Na lei de equilíbrio a pessoa traída fica por cima (e não por baixo como costuma pensar) e sai como inocente. 


Segunda dinâmica - a crise já estava oculta


Nesta dinâmica a terceira pessoa que entra na relação a dois, age como estopim para disparar uma crise e abrir a porta para uma separação que estava sendo tramada nas profundezas do relacionamento durante certo tempo, sem que nenhum dos dois fosse capaz de abordá-la até a chegada do amante. Neste caso a terceira pessoa, vem favorecer uma crise anunciada. Neste caso o desejo de separação pode ser apenas de um ou de ambos. É importante perceber se a vontade de separar-se faz parte daquela relação, ou similar a quarta dinâmica, pode estar ocorrendo alguma lealdade oculta à família de origem que estimule o desejo de separação.


Terceira dinâmica - Lei do equilíbrio negativa: “com você eu machuco meu parceiro”.


A terceira dinâmica está diretamente relacionada a lei do equilíbrio. Para que ela ocorra de maneira saudável, as trocas devem ser positivas. Quando um parceiro dá algo para a relação o outro dá de volta um pouco mais. Assim o que recebeu mais deseja compensar e dar ainda mais e assim o amor cresce. Contudo, nesta dinâmica são as compensações negativas e vingativas não amorosas que prevalecem. Assim, um dos dois, ou os dois, compensa o desequilíbrio que sente na relação (mágoas, dores, humilhações)  exercendo seu direito de ter intimidade e sexualidade com outras pessoas. Aquele que é infiel por alguma razão se sente por baixo, e sabendo a dor que causará machuca seu parceiro tendo uma relação com um terceiro.


Quarta dinâmica: Lealdade às famílias de origem


Refere-se a uma lealdade inconsciente ou a repetição do jeito como as coisas foram feitas na família de origem e no sistema. Algumas leis podem atuar neste caso. Se na família de origem houve casos de infidelidade e a pessoa sabendo dos fatos julga moralmente o que ocorreu antes, pode passar pela mesma situação pois está indo contra a lei da ordem. Quem julga sente-se superior e maior daqueles que vieram antes, e a consciência do sistema pede uma reparação. Assim atua a frase “eu também” “ou faço como vocês”. Mesmo que o adulto não saiba da infidelidade dos pais ou avós, mas se ocultamente ocorreu, também pode atuar da mesma forma. No caso de estar oculta a lei infringida seria a do pertencimento, pois desta forma seria um segredo ou algo excluído.


Joan Garriga ainda cita quando o filho ou a filha competiram fortemente com o progenitor do mesmo sexo pelo amor do outro. A frase “três é mais estimulante” pode atuar causando a infidelidade na relação adulta.



Quinta dinâmica: Alguém que cumpre uma função


O psicólogo cita que há outros casos diversos que podem ocorrer e que fazem parte da singularidade de cada história. Assim, a terceira pessoa pode cumprir uma função na história de amor e dor das pessoas e dos casais, representando alguém ou servindo a algo para a relação.


Além disso, algo comum, não citado por Garriga, é quando o homem é aliado à mãe excluindo o pai. Esta dinâmica pode ocorrer por alguns fatores, mas o resultado é o que chamamos nas constelações de “Filhinho da mamãe”. Pelo fato do homem estar “casado” com a mãe, pode não estar disponível para as mulheres e ao mesmo tempo estar com várias ao mesmo tempo. No caso da mulher será a relação estreita com o pai que fará ela estar indisponível para uma relação.


Estas são as mais comuns, mas não as únicas. Afinal cada um tem sua história e algo diferente pode atuar nas relações. Por isso é importante buscar um processo de autoconhecimento na visão sistêmica para compreender melhor os processos de repetição e lealdades inconscientes. Em todos os casos mencionados a solução se encontra naquele que se propõe a olhar para o problema. Não podemos desejar a mudança do outro nem culpá-lo pela nossa infelicidade. Pode ser cômodo adotar o papel de vítima, mas isto não traz leveza nem solução. O ideal é cada um olhar para o que atua em si, e como cada um contribuiu para a entrada de um terceiro. Assim é possível crescer com a autorresponsabilidade e também que juntos cresçam na relação de casal.


A eterna busca pelo reconhecimento e como isto impacta na sua vida financeira e profissional



 Prosperidade é um assunto que está sempre entre os mais buscados no mundo virtual. Todos querem prosperar e ser feliz. E geralmente, o primeiro pensamento é ter dinheiro para ter uma vida tranquila e sem preocupações. Contudo, muitos trabalham em excesso e não sentem que recebem o que merecem ou sempre reclamam que não têm dinheiro suficiente. Existem algumas dinâmicas ocultas que podem impedir a prosperidade, e especialmente a forma como encaramos o trabalho pode exercer grande influência na forma como o dinheiro circula pela nossa vida. Vamos entender melhor a visão da constelação familiar sobre este tema.


Leis sistêmicas


Primeiramente nos lembramos das leis sistêmicas que atuam sobre todos nós, mesmo que não concordem ou reconheçam-nas. A lei do pertencimento, da ordem e do equilíbrio. Na lei do pertencimento quem pertence não pode ser excluído, pois caso seja, retornará posteriormente ao sistema por sintoma ou crise em algum outro descendente. Na lei da ordem ou hierarquia, quem vem antes tem prioridade pois chegou primeiro ao sistema, e por isso é maior. Quem vem antes dá e quem vem depois recebe. Na lei do equilíbrio, em relacionamentos sociais e afetivos deve haver troca e equilíbrio entre o dar e receber nas relações. 


Estar a serviço da vida


Na visão das constelações a relação com o trabalho tem relação com o relacionamento com a mãe. Estou a serviço de algo, assim como a mãe se colocou a serviço ao dar a luz a você. Se a postura diante da mãe é de crítica você pode ter dificuldades de dar tudo de si no trabalho. Para sentir que estamos a serviço é preciso estar na ordem. Reconhecer que a mãe é maior e que deu tudo que podia dentro de suas possibilidades. Tomar a mãe, é acolher com gratidão a vida que veio através dela e seguir adiante. A postura de olhar para o passado carregado de mágoas e ressentimentos pode impedir que a vida flue para a prosperidade. 


Dinheiro ou Reconhecimento como moeda de troca


Dinheiro não é energia, é dinheiro mesmo. Muitas crenças equivocadas em relação ao dinheiro podem impedir a prosperidade financeira. Mas o fato é que é uma moeda de troca para um serviço prestado. Se faço este serviço com amor, inteireza e gratidão terei a contrapartida. 


Quando há ajuda profissional é importante ter um preço para o trabalho. Este preço é uma troca pela experiência, vivência, investimento. Receber dá dignidade ao outro que adquiri o serviço. Muitos profissionais de ajuda principalmente em áreas terapêuticas têm dificuldade de cobrar. Isso deve-se a crenças limitantes em relação ao autovalor e ao dinheiro, mas também, a moeda de troca equivocada. No fundo desejam reconhecimento pelo papel que desempenham e inconscientemente esta pode ser a forma de pagamento que almejam. Mas o aplauso e a crítica são enganadores. Diz mais do outro do que de si. São as expectativas do outro que para ele são ou não atendidas. Caso se apoie em receber apenas isto que o outro oferece, você perde seu poder pessoal.


Onde está o reconhecimento


Se o reconhecimento é sua moeda de troca, então você já têm o que acha que precisa. Assim, o dinheiro e muitas vezes até o trabalho não permanecem por muito tempo. O mais importante é preencher um vazio a partir do que o outro oferece. Essa necessidade é infantil. A criança precisa ser reconhecida o tempo todo, mas para adultos isso não funciona mais. Geralmente há críticas e faltas em relação à mãe. Ela pode ter sido ausente, ou mesmo uma mãe muito crítica. Não é fácil crescer em um ambiente crítico e hostil. Mas ao se tornar adulto você pode ressignificar. Caso não consiga fazer por si mesmo pode optar por ajuda profissional. A psicoterapia na visão sistêmica pode te abrir um novo olhar sobre sua postura diante de sua família de origem. Pois este reconhecimento que talvez você queria da mamãe ou da família talvez não seja possível. Ele não pode mais vir do outro. Afinal, ele está dentro de você e só você pode se reconectar a ele novamente. 


Ninguém diz o valor de quem você é. O valor vem de suas raízes, da sua fonte, de quem você é. Isso é que te faz singular. A sua origem, só você tem. E é isso que lhe dá um valor único, da forma que aprendeu no seu sistema, da conexão com seus pais. Reconhecer seu autovalor e o valor do seu sistema de origem com gratidão, independente dos erros e acertos que ocorreram ali, é passaporte para uma vida leve e de prosperidade. 


sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Ajuda ou Autossacrifício? Como ajudar de forma efetiva e respeitosa sem nos emaranhar nos destinos dos outros.



O ano de 2020 nos trouxe uma pandemia e com ela grandes desafios. Algo que ganhou grandes proporções foi o processo de ajuda em todos os níveis. Tanto profissionalmente quanto pessoalmente muitos se mobilizaram para exercer a ajuda em algum nível em seu contexto. Contudo, muitos também adoeceram mais e tomaram para si excesso de responsabilidades para com os outros. Assim, é importante refletir sobre o processo da ajuda à luz das constelações familiares. E como ela pode ser mais efetiva tanto para o ajudante quando para o ajudado quando é feita do lugar certo.


O complexo de salvador


Muitos que escolhem a profissão de ajudante seja em qual área for carregam consigo algum complexo de salvador. Geralmente já estão fora de lugar em sua família de origem e levam para a profissão esta falta de lugar. É como se consertar algo fora fosse arrumar aquilo que está dentro. 


Saber nosso lugar em nossa família de origem é fundamental. Para as constelações familiares existem algumas leis sistêmicas que atuam, mesmo que não tenhamos conhecimento delas. A lei da ordem ou hierarquia é a que preserva a grandeza e lugar de cada um no sistema. Quem vêm antes é maior e têm prioridade e deve ser honrado deste lugar. Os problemas começam quando os descendentes querem mudar o destino dos que vieram antes deles. São filhos que querem salvar ou cuidar de algum ancestral assumindo lugares que não são seus. Esse processo na maioria das vezes é inconsciente apesar de algumas vezes ser até perceptível nas atitudes conscientes. Filhos adultos que deixam de viver suas próprias vidas para se voltar para a vida de um dos pais ou, às vezes, avós. Mulheres que abdicam de ter uma família nuclear e filhos para cuidar da família de origem seria um exemplo comum. Então, aquele que sempre se sacrificou de alguma forma pela família pode seguir fazendo o mesmo na profissão escolhida.


Por outro lado, alimentar mágoas e julgamentos pelos que vieram antes pode gerar uma culpa inconsciente que pode ser transformada em expiação e autossacrifício. Por diversos motivos você acredita que ajudando o outro possa aliviar a culpa de ser desleal ou estar agindo contra alguma lei sistêmica. Como é um processo inconsciente na maioria dos casos, apenas quando chega um sintoma físico ou mental o sujeito para refletir sobre seu lugar no mundo. Além disso, outro  dificultador é que o ajudante nem sempre está disposto a pedir ajuda já que é ele quem está neste lugar, por isso um sintoma precisa emergir para que isso aconteça.


Ordens da Ajuda


Bert Hellinger propôs em seu livro Ordens da Ajuda, algumas diretrizes a serem seguidas e compreendidas por aqueles que querem ser ajudantes. Contudo, é um caminho de autorreflexão para todas as pessoas pois constantemente, nas famílias e socialmente, nos deparamos com o imenso desejo de ajudar ou fazer algo pelo outro. É uma reflexão a partir de um olhar sistêmico e amplo.


A primeira ordem da ajuda diz que deve-se dar o que se tem e tomar apenas o necessário. Isso requer muita humildade para reconhecer as próprias limitações, especialmente para os ajudantes profissionais. Se o próprio ajudante ainda não encontrou seu próprio lugar em seu sistema de origem certamente terá dificuldades em auxiliar o outro de forma livre. Neste caso se a lei da ordem está sendo respeitada certamente o ajudante está no lugar e consegue levar uma ajuda mais efetiva reconhecendo o outro como adulto e grande assim como ele.


Na segunda ordem devemos nos submeter às circunstâncias externas e internas e respeitar o destino de cada um. A intervenção e apoio é na medida do necessário e permitido. O que ocorre geralmente, que representa desordem neste caso, é que o ajudante vê o destino do outro como pesado, difícil e quer mudar, mesmo que o outro não precise ou queira, para seu próprio alívio por não conseguir suportar o destino do outro. É como uma criança que ajuda sem medidas apenas para não ver o outro infeliz. A ajuda muitas vezes, neste caso, serve mais para o ajudante do que para o ajudado. 


Na terceira ordem, o ajudante se coloca como adulto perante um outro adulto. Assim não assume papéis substitutivos, geralmente parentais. A desordem aqui é permitir que um adulto haja como uma criança pedindo algo aos seus pais, e que o ajudante trate o cliente, (amigo ou familiar) como uma criança, para poupá-lo de algo que ele mesmo precisa e deve carregar - a responsabilidade e as consequências. Há um desrespeito pela lei do equilíbrio que ocorre no mundo dos adultos. Se o outro é adulto ele tem força e dignidade tanto quanto eu e isto precisa ser levado em consideração. 


Para a quarta ordem da ajuda é fundamental a visão sistêmica olhando para o outro como parte de um sistema e dar um lugar a todos os excluídos do seu sistema. Não estou somente a serviço do meu cliente, mas sim de todo o sistema familiar a que ela pertence, em especial aqueles que ela quer excluir. No caso de amigos e familiares é reconhecer que todos fazem parte de um grande sistema e inconsciente familiar e que cada um possui suas dores e lealdades que os movem na vida. É preciso evitar julgamentos e manter a empatia sistêmica. Esta ordem está em ressonância com a lei do pertencimento onde ninguém pode ser excluído, todos fazem parte.


A quinta ordem complementa a quarta pois é preciso evitar o julgamento e condenação daquilo que é a dor do outro. Estar isento de julgamentos morais é essencial para uma ajuda mais autêntica. Acolher a cada um como ele é, por mais que ele seja diferente de mim. Desordem seria o julgamento dos outros, que geralmente é uma condenação, e a indignação moral ligada a isso. Quem realmente ajuda, não julga.


E por último estar de acordo com a realidade que se apresenta, sem reclamar ou lastimar. Muitos suportam o destino alheio e querem mudá-lo. Com isso, podem assumir algo pelo outro desrespeitando a capacidade e grandeza do outro para lidar com seu próprio destino. 



Ajuda que ajuda


A ajuda efetiva é aquela que sabe olhar para o outro e seu destino com respeito e dignidade. Que inclui tudo que o outro traz, mesmo que seja diferente ou aparentemente doloroso. Profissionalmente, é preciso acolher e não desejar eliminar nada para o outro, pois isso ele mesmo precisa reconhecer e fazer conforme seu próprio sentimento. Mas sim, ampliar seu olhar, e fornecer alguma ferramenta ou recurso que o auxilie em seu processo, mas sem fazer por ele. 


No âmbito pessoal olhar para o outro com dignidade e não com pena. A pena reduz o outro a um patamar inferior. Contudo, se olharmos para a mãe, pai, irmão, amigo ou seja lá quem for, e vemos a força que reside em seu interior e que vêm de todo o seu sistema ancestral, transmitimos a essa pessoa, força e autoconfiança em seus próprios recursos. 


É importante estar atento aos sinais do corpo e da alma ou inconsciente. Pois, em sonhos ou sintomas, se a ajuda está deslocada e você está tomando um lugar que não é seu, certamente seu inconsciente irá te sinalizar de alguma forma. E então se lembrar daquelas recomendações em viagens de avião que sempre repetem que é preciso colocar primeiro a máscara de oxigênio em você para depois colocar no outro. 


Publicado em www.personare.com.br em 12/02/2021.