Quando falamos de trauma, logo nos vem em mente algum fato muito trágico que nos incapacita de viver a vida com leveza e fluidez. De fato existem vivências traumáticas extremamente estressantes, mas também há muito trauma em nossa vida cotidiana que nem nomeamos como tal. A questão é que não dar importância aos pequenos sinais do corpo (ou da mente) de que algo não vai bem, é permitir que a vivência traumática se instale e impeça a liberação dos desconfortos e sintomas físicos e emocionais causados pelos mesmos. Traumas antigos, e algumas vezes em idades precoces, podem trazer muitos desafios a longo prazo. Mas com a técnica adequada é possível acessar recursos próprios que podem ajudar a liberar todas estas vivências mais desafiantes que ficaram armazenadas por tanto tempo.
O que é trauma
Um trauma ocorre quando o sujeito foi exposto a algum estresse pontual ou contínuo e que gera um resíduo no sistema nervoso. Ou seja, quando a pessoa passa por um evento em qualquer fase da vida que seja interpretado por ela (ou pelo seu Sistema interno) como ameaçador e que sobrecarrega a capacidade do sistema nervoso de processar e de encontrar os recursos necessários para lidar com aquele estresse.
Assim, desde os períodos em que o sujeito encontra-se ainda no útero da mãe, bem como as fases mais iniciais de desenvolvimento onde se há pouco memória cognitiva, podem haver traumas.
Tipos de traumas
Existem os traumas que podem colapsar o sistema nervoso de uma pessoa de tal maneira que a medicação torna-se indispensável. Apenas para citar alguns, os traumas de guerra, abusos na infância, excesso de violência, são alguns exemplos de traumas que são extremamente desreguladores para um sistema nervoso e podem trazer imensos desconfortos físicos e emocionais. Também existem os traumas médicos (anestesias, acidentes, negligência médica, etc) assim como quedas e acidentes. De todos os traumas o de vínculo ou desenvolvimento é o mais silencioso pois não é ligado a um evento específico, mas a uma série de situações de negligência ou abuso físico/emocional que se dá de maneira constante ao longo da infância.
Uma abordagem para lidar com os traumas
O método da experiência somática ou SE™ - Somatic Experiencing®, é uma abordagem para lidar com traumas que foi desenvolvida pelo psicoterapeuta Peter Levine. Ele observou que a forma como os animais selvagens lidam com o estresse é universal e resume-se a três comportamentos: fuga, luta ou congelamento. Um animal indefeso pode se fingir de morto diante do seu predador (estado de congelamento) e após perceber que o perigo se retira ele volta a si dando umas sacudidelas pelo corpo para continuar sua jornada sem sequelas. Já os humanos aprendem a reprimir as emoções (e sensações) e se apoiar em justificativas racionais para tentar seguir em frente. E geralmente este é o maior problema, pois é como se a situação ficasse congelada e o corpo aprendesse a revivê-la de várias maneiras. O estresse não liberado fica armazenado no corpo gerando problemas dos mais variados, desde sintomas físicos, emocionais e até comportamentais como baixa autoestima e procrastinação.
Cada vivência vai gerar um nível de estresse correspondente a quantidade de recursos que a pessoa já angariou ao longo da vida. Assim, uma criança que ainda está em fase de desenvolvimento tenderá a ter menos recursos para lidar com as situações traumáticas do que um adulto. Para alguns teóricos os grandes traumas estão na infância e ficam sendo revividos na vida adulta. Mas o mais importante é ajudar ao corpo e ao sistema nervoso liberar no presente o estresse acumulado independente de quando ele tenha surgido.
O sistema sensório-motor engloba todos os sentidos e as respostas motoras e musculares. Ele desempenha um papel central e fundamental na terapia do Somatic Experiencing®, pois o método reconhece a importância das sensações físicas e das respostas do corpo ao trauma. O objetivo do SE™ é permitir que o nosso sistema processe as emoções e sensações físicas associadas a estas experiências traumáticas não resolvidas. Com isso as energia bloqueada pode ser processada e liberada ajudando na resolução de sintomas físicos, emoções desreguladas e amenizando crenças e pensamentos destrutivos.
Como perceber se o trauma está lá e o que fazer com ele.
Na verdade todos somos traumatizados em algum nível. Isso de forma alguma precisa nos impossibilitar de viver a vida com leveza. Não há nada a ser consertado, mas sim, integrado. O que ocorre é que algumas experiências vão ser mais estressantes para alguns do que para outros. Isso também se deve à quanto os pais ou cuidadores possuem capacidade de autorregulação, ou seja, de lidar com as próprias vivências traumáticas.
Geralmente reações desproporcionais estão ligados a traumas do passado. Sabe aquela reação de raiva avassaladora por um copo ter quebrado? Ou por alguém ter dado um grito com você? Geralmente se tratam de gatilhos emocionais que vão disparar no corpo uma reação à situação vivida no passado e ao estresse já presente e acumulado. As pessoas chamadas de hipersensiveis em sua grande maioria estão nesta situação. É como se houvesse um programa rodando em segundo plano, como nos computadores, o sistema passa a ter problemas para funcionar em sua plenitude dependendo de tudo que está ali atuando sem que se perceba.
Para lidar precisamos "atualizar nossa cpu". Contar ao corpo que o perigo já passou e que agora temos recursos. O corpo revive a situação do passado e é preciso se conectar com o presente de novo. Essa percepção é o primeiro passo para validar toda e qualquer emoção e sensação e permitir que ela se libere de uma maneira segura. Dependendo do tamanho do Trauma e estresse vivido a ajuda de um profissional capacitado é de extrema importância! Pois somente assim será possível liberar a carga de estresse retida de maneira segura e sem retraumatizacao.
Psicóloga.
Somatic Experiencing® (Liberação de traumas)
Psicoterapia sistêmica/familiar.
Constelações Familiares.
Atendimentos presencial e online.
Youtube: Torna-te quem tu és por Maria Cristina
💞Você não precisa ficar só! Busque ajuda!
Para mais informações entre em contato em mariacristinapsi@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário