quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Sobre Filhos, Brincar e a Sabedoria dos filmes infantis




Ter filhos é uma experiência maravilhosa! Digam o que quiser de todos os problemas e desafios de se colocar um novo ser no mundo, mas não tem jeito, é uma nova vida que transforma a nossa vida!

Nos deparamos de novo com coisas da infância que as vezes deixamos para trás. Brincar é a melhor delas!!! Colocar a mão na massa, na água, na areia, na terra... Chutar bola, fazer bagunça, fazer comidinha, pular, correr...Poder a cada dia ser uma nova personagem de história diferente. Representar junto com a filhota, bruxas, fadas, cucas, lobos, príncipes, princesas, Peppas, Doras e tudo mais que faz parte deste delicioso imaginário! Nossa criança, que as vezes é deixada de lado e jogada num canto de nosso ser interior, pode voltar a vida e isso pode ser ótimo se soubermos aproveitar!!!

Mas é sobre estes personagens que quero falar. Sempre gostei de desenhos e animações infantis. Mesmo antes de ter filhos gostava de assistir quando podia. Mas agora que sou mãe a coisa ampliou! E recentemente tenho ficado mesma satisfeita com o nível das animações e desenhos que são destinadas às crianças. Dificilmente uma animação não traz uma reflexão sobre um tema existencial. Os assuntos são variados, amizades, lealdades, família, e perdas. Poderia citar uma imensidade aqui, mas até acho que cada um merece um artigo único.

O que me trouxe aqui hoje foi a animação Valente (Brave, 2012). Já tinha assistido antes, mas resolvi apresentar a minha filhota. Revendo me lembrei da maneira lúdica e bacana com que a relação mãe e filha é tratada! A menina, claro é uma princesa, mas sem nenhuma vocação para tal, o que gera os conflitos com sua mãe rainha. A história fica em torno do conflito das duas e do desejo de Merida que a mãe mude, o que acaba trazendo uma série de confusões.

A reflexão é justamente na forma como criamos nossos filhos. Pais com baixa autoestima e dificuldades em suas famílias de origem, e também como casais, acabam exigindo que os filhos sejam uma continuidade deles mesmos, ou seja, que sigam o caminho traçado por eles. Claro que deve haver uma orientação e condução algumas vezes, mas traçar o destino é impossível. Os filhos terão suas próprias vidas e escolhas e não estão no mundo para atender as nossas necessidades. Mas é claro que não fazemos por maldade. Sempre achamos que estamos fazendo o melhor para os filhos, quando na verdade, estamos fazendo o que aprendemos. E fazemos assim porque não sabemos de outro jeito, ou por ser mais cômodo, ou por não querermos ter o trabalho de fazer diferente. Porque sim, dá trabalho, e muito!!

O maior problema é que esquecemos muitas vezes de ouvir verdadeiramente nosso filho. Escutar como ele se sente, quais são seus desejos e temores. Estar COM ele. Conversar. E conversar não é o pai fala e o filho escuta, mas realmente estar junto, lembrando que ele também é um ser humano e terá suas próprias escolhas que o fará feliz ou não. Caso faça, ótimo, ele fez uma boa escolha! Caso não, estaremos ao seu lado, não para cobrar ou levantar o dedo dizendo “Eu avisei”, mas recebê-lo, amá-lo e acolhê-lo, para que ele se sinta bem em fazer novas escolhas e não desistir diante da primeira falha.

A tarefa é difícil mesmo, porque a grande maioria não experienciou desta forma. Tudo era imposto, do tipo “Eu falo e você obedece”. E aí pensamos: “Ahh mas eu estou aqui, sobrevivi!” Sinceramente, queremos apenas que nossos filhos Sobrevivam, ou queremos que eles Vivam uma vida com autoconfiança e plena de amor?!

Como em Valente (Brave, 2012) após muitos conflitos e transtornos, quando Merida diz a mãe: “Você mudou...” e ela responde: “Nós duas mudamos filha...”. Reconhecer que não é por sermos pais que não podemos aprender com nossos filhos, aliás, eles são grandes sábios que têm muito a nos ensinar, assim como nossa criança foi um dia e acabamos esquecendo e deixando-a em algum canto... Criar uma relação saudável com os filhos, com amor e respeito mútuos, é também criar e resgatar de novo a relação com nossa própria criança!! Então, vamos brincar?!

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