quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Buscando o Equilíbrio entre o Feminino e o Masculino



O filme A Dama de Ferro (2012) traz Meryl Streep no papel de Margaret Thatcher que governou a Grã-Bretanha entre 1979 e 1990. Recordo-me vagamente de Thatcher no governo, pois na adolescência não estava muito interessada em política. Mas me lembro de carregar a imagem de uma mulher dura e fria.

A história do filme é baseada na vida de Thatcher e como ela chegou ao poder. Mas a reflexão que o filme me propiciou não foi sobre a política ou o poder, mas sobre a mulher e o feminino.

Thatcher inicialmente se mostra uma jovem idealista. Deseja seguir os passos do pai. Ela quer mudar o mundo. Em contrapartida vivia numa época na qual a mulher era vista como fraca e submissa, e era proibida de se interessar por política. Se ela queria governar algo, teria que ser o lar. A jovem então rompe com os padrões. Segue seu desejo e não descansa até chegar a um cargo público.

A princípio Thatcher mostra sua sensibilidade. Iniciou um romance que logo se transformou em casamento com Denis Thatcher um homem sensível e bem humorado (como foi mostrado no filme). Seu ideal é contagiante. Apoiada pelo marido se elege para liderar o partido, algo nunca antes imaginado por uma mulher.

A Thatcher idealista sai de cena para dar lugar a uma mulher ambiciosa. Ela consegue liderar o partido que era composto apenas de homens. Consegue ser respeitada e, por vezes, até temida. E a meu ver esse foi o problema dessa intrigante mulher.

Margareth Thatcher deixou de lado algo fundamental, seu lado sensível, o lado Yin. O masculino e feminino fazem parte de todos nós. Homens e mulheres são bem representados pela figura do Yin-Yang. No reino do pensamento, Yin é a mente intuitiva, complexa, ao passo que Yang, é o intelecto, racional e claro. Não podemos negar isso, é a nossa essência. Mas muitas mulheres negam. Acreditam que para serem reconhecidas profissionalmente não podem agir com sensibilidade. Claro que naquela época, era mais visível e talvez até necessário em alguns momentos. Mas ainda hoje, algumas mulheres acham que precisam negar seu lado feminino em prol do masculino. A meu ver, foi isso que fez a primeira ministra do Reino Unido. Para ser reconhecida e se tornar líder, ela mostrou toda sua dureza. Não é por acaso que se tornou a Dama de Ferro. Não aceitava opiniões que fossem divergentes da sua. Defendia suas ideias com unhas e dentes. Nem mesmo a maternidade a ajudou a demonstrar sua sensibilidade e doçura.

Na época de Thatcher e para chegar aonde chegou talvez ela precisasse agir da maneira como agiu. Ela fez história e foi admirada por muitas mulheres. Foi amada e odiada durante o tempo que permaneceu na vida pública. Mas, eu acredito que se esta mulher não tivesse abandonado seu idealismo e sensibilidade conseguiria ir ainda mais longe na história política do pais.

Acredito que mulheres que agem dessa forma, com autoritarismo e até com certa intransigência, aprenderam que precisam aparentar força e dureza para prosperarem em suas vidas. Contudo, esconder o lado sensível, cuidadoso e tranquilo não auxilia que as mulheres sejam melhores ou iguais aos homens. Pelo contrário, as tornam reféns do masculino que há em todas nós. Assim, acaba ocorrendo o que elas mais evitam: elas são dominadas pelo homem, o masculino, o Yang. Afinal, como em todas as áreas da vida, o que deve reinar é sempre o equilíbrio.

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