sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Trauma na infância: experiência somática pode ajudar na cura

A experiência somática ajuda o corpo a processar eventos difíceis, efeitos do trauma na infância, facilitando o tratamento




O trauma na infância pode impactar profundamente o desenvolvimento emocional e físico das crianças, levando a dificuldades que podem persistir ao longo da vida.

Diversas abordagens terapêuticas foram criadas para tratar essas cicatrizes emocionais, e a experiência somática (ES) vem se destacando como uma ferramenta eficaz para lidar com os efeitos dos traumas.

Essa abordagem considera o corpo como uma peça chave no processo de cura, focando nas sensações físicas e auxiliando o corpo a processar eventos difíceis.

Incorporar essas práticas no cuidado infantil desde cedo pode minimizar os efeitos negativos do trauma e promover uma regulação emocional mais eficaz.


O que é um trauma na infância e as consequências


Na abordagem naturalista SE (Somatic Experience), trauma é todo o conteúdo onde a quantidade de estresse foi maior do que a capacidade natural do corpo para lidar com o ocorrido.

Por isso, grande parte dos padrões e sintomas vivenciados na vida adulta surgiram de experiências traumáticas precoces não processadas.

Mesmo quedas e cirurgias, se não processadas adequadamente, podem gerar traumas que se manifestam como sintomas futuramente.


Consequências do trauma


Quando uma criança enfrenta uma situação traumática, o corpo pode responder de maneira a reter as tensões ou bloqueios que, se não liberados, podem influenciar seu comportamento e desenvolvimento, e gerar algum transtorno.

Essas respostas podem se manifestar através de sintomas, tanto quando crianças quanto adultos, como:
  • ansiedade,
  • dificuldade de concentração,
  • irritabilidade
  • problemas no sono


Como funciona a experiência somática


A experiência somática parte da premissa de que o trauma não é apenas um evento mental ou emocional. Mas também uma experiência física que o corpo carrega.

Diferente de abordagens puramente cognitivas, a experiência somática valoriza o corpo como uma ferramenta essencial para o processo de cura. Afinal, será através do sentir com segurança que aquilo que não foi integrado pode ser processado e liberado.

Por isso, para minimizar os efeitos traumáticos ao longo do desenvolvimento, é importante que as crianças aprendam, desde pequenas, a perceber e nomear suas emoções e sensações físicas.

Isso pode ser feito através de práticas simples, como:
  • Exercícios de respiração
  • Alongamento suave
  • Criação de um ambiente seguro e acolhedor em casa e na escola

Por exemplo, podemos incentivar uma criança ansiosa a perceber onde essa ansiedade está localizada no corpo. Como por exemplo uma tensão no peito ou um aperto no estômago.

Ao reconhecer essas sensações, a criança aprende a processar as emoções de maneira mais saudável, em vez de reprimi-las.

Quando a criança consegue identificar onde sente uma emoção no corpo e como reagir a ela, fortalece sua capacidade de regulação emocional.


O papel dos cuidadores


É fundamental que o ambiente em que a criança vive seja seguro e acolhedor. Nesse sentido, pais e cuidadores podem desempenhar um papel vital ao responder de forma calma e empática às necessidades emocionais da criança.

O que fazer:
  • Validar os sentimentos da criança: escute o que a criança diz e valide/concorde antes de inferir que ela sente algo diferente daquilo que é dito.
  • Incentivar práticas de autorregulação: prestar atenção ao que sente no corpo, em qual lugar do corpo está o desconforto, ensinar a respirar, principalmente a expirar (soltar o ar) mais do que inspirar.
  • Oferecer suporte emocional: abraçar, apoiar os ombros e segurar na mão às vezes são mais significativos do que um conselho.
  • Criar oportunidades para as crianças expressarem suas emoções de maneira saudável, seja através da fala, do movimento ou de atividades criativas.
  • O toque afetuoso, o contato visual e o uso de uma voz suave também são formas de promover a sensação de segurança e bem-estar.

Tudo isso ajuda a criança a recuperar o equilíbrio emocional após uma situação de estresse.


Experiência somática para os adultos também


Crianças não possuem autorregulação inata, ou seja, elas precisam aprender. Assim, cabe aos pais e/ou cuidadores cuidar do seu próprio autoconhecimento para lidar melhor com as próprias emoções e sentimentos. 

Mas se você não consegue lidar bem com suas próprias emoções, evita ou se esquiva de sentir e perceber melhor seu corpo, como poderá ensinar a criança a fazer?

Assim, é de extrema importância que, para a criança crescer mais livre e saudável, você seja um adulto que consiga se regular e validar os sentimentos sem os julgar como certos ou errados.

Se você é um adulto e não teve um cuidador regulado por perto, agora pode fazer este trabalho por você mesmo.

Com a experiência somática, você pode liberar o que não foi processado no corpo e gera sintomas físicos e mentais e até mesmo padrões mentais repetitivos.

Vale a pena olhar a dor para atravessá-la e criar espaço dentro de si.

 
Sentir, integrar e liberar


A experiência somática oferece uma poderosa ferramenta para ajudar as crianças a lidar com traumas desde cedo, promovendo uma maior conexão com o corpo e fortalecendo a capacidade de regulação emocional.

Ao integrar a experiência somática desde a infância, é possível criar uma base sólida para que as crianças se tornem adultos mais emocionalmente resilientes.

Trabalhar com as sensações físicas e as emoções associadas aos traumas pode ajudar a minimizar seus efeitos ao longo da vida, promovendo um desenvolvimento mais saudável.

Cuidadores que compreendem a importância de um ambiente seguro e de técnicas de regulação emocional podem transformar significativamente a forma como uma criança lida com o estresse e o trauma, contribuindo para uma vida mais equilibrada e emocionalmente estável.


https://www.personare.com.br/conteudo/trauma-na-infancia-m226663


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