
O jornalista Steve Lopez que se torna "amigo" de Nathaniel (talvez mais interessado do que amigo no início) tenta curá-lo. Ele deseja que o músico seja novamente escutado, que todos ouçam seu talento musical... Mas ele não pergunta a Nathaniel qual o seu desejo... Este apenas quer tocar seus instrumentos para viajar em sua bela música, que de certa maneira o traz de volta ao "nosso mundo"...
O fato que seu mundo é real para ele. Ele não quer sucesso e reconhecimento pois "as vozes" não o deixam em paz. Então porque não ficar em um túnel onde a acústica para escutar sua música é muito melhor? O filme nos traz a realidade que nos apresenta hoje.. as pessoas querem tratar os loucos e trazê-las para realidade.. mas não querem estar ao lado delas, entender o próprio mundo na qual elas vivem, simplesmente ouvi-las. O trabalho que fiz no Cersam esse ano me deu essa nova perspectiva. Claro que a medicação é importante, até para protegê-los de cometer algum ato que os prejudique ou aos outros... mas não é só isso.... A medicação muitas vezes apenas abranda os sintomas, mas aquela nova realidade criada continua e é ela que precisamos entender...
Pude entender melhor da luta antimanicomial. Não é simplesmente um discurso para "libertar os loucos e deixar eles livres pela cidade..." como alguns leigos pensam... É humanizar o sistema. Essas pessoas vivem em mundos diferentes aos nossos e por isso eles nos assustam.. Eles saem do padrão! Se enclausurados em hospitais psiquiátricos vão se afundar em caminhos sem volta, pois perdem os laços sociais. Por isso a idéia dos Cersams ou Caps é tão importante! Eles vão até lá fazem atividades, participam de oficinas, podem conversar uns com os outros, estabelecer laços, tudo isso se quiserem é claro, e voltam para casa no final do dia. Eles têm a escolha. Podem ir e vir. Não são afastados do convívio social, e mesmo se criam uma realidade a parte, eventualmente se deparam com a nossa e aceitam isso também....
Pois então, antes de rotular ou julgar alguém de Louco, ou pior, dizer: Coitadinho é doido... Pensem em quanto lutamos para ficar normais, dentro do padrão e isso as vezes nos deixa doentes... Não são coitados, são pessoas que também fazem escolhas, apenas são diferentes, como todos somos uns dos outros... Talvez devêssemos aprender a respeitar mais as diferenças, afinal quem são os loucos? Talvez haja um limiar no qual todos nós estamos sujeitos a loucura, só não sabemos qual é....
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