domingo, 9 de fevereiro de 2020

Os pais precisam se distanciar para os filhos crescerem

Animação Klaus da Netflix traz reflexão sobre a permissão dos pais para que os filhos caminhem para a vida adulta

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A nova animação da Netflix lançada em dezembro de 2019 reconta a história da origem do Papai Noel. A trama conta a história de Jesper um aprendiz de carteiro mimado e preguiçoso que se recusa a sair de sua zona de conforto. Seu pai, o presidente dos correios, dá-lhe um ultimato: ou ele vai para Smeeresnburg, cidade nórdica praticamente esquecida do mundo e faz o envio de seis mil cartas no prazo de um ano, ou perderá seu direito na herança. Ao chegar ao local, o jovem toma conhecimento de que o lugar vive em um eterno conflito. Os clãs Krum e Ellingboes se enfrentam diariamente em uma briga centenária que varreu tudo que havia de bom na ilha. (Fonte: https://www.omelete.com.br/netflix/criticas/klaus-oscar-2020)

A estória contada na animação não está muito distante da nossa realidade. Muitos filhos adultos se recusam a crescer e serem responsáveis por suas próprias vidas por estarem sob os cuidados de pais zelosos e protetores. Claro que os pais não pensam estar fazendo algum mal aos filhos. Afinal, não custa nada ajudar. Mas a reflexão que podemos levantar é: Permito que meu filho realmente seja adulto, ou ainda o trato como criança tentando suprir todas as suas necessidades?

Na animação o pai de Jesper percebeu que o filho estava acomodado. Então opta por uma atitude mais radical, mesmo que seja doloroso saber que o filho enfrentará grandes desafios. Atitudes extremas as vezes são necessárias quando postergamos demais a mudança da postura. Se os pais mantém os filhos adultos como crianças em algum momento eles podem se deparar com um filho fraco e sem recursos para construir sua própria história. Então parece um ciclo vicioso, pois gerar filhos dependentes os fazem acreditar que eles não podem caminhar ou prosperar sem ajuda, fazendo com que eles continuem dependentes dos pais e de outros.

Não é uma postura fácil de perceber. Mesmo porque sempre há muito amor envolvido. O problema é que amor demais, geralmente é carregado de emaranhados sistêmicos, e traz mais peso que leveza. Claro que pais que não permitem que seus filhos cresçam por razões ocultas precisam deles neste lugar. Muitas vezes buscam que os filhos preencham expectativa, faltas ou vazios que já existem dentro deles. Na constelação familiar percebemos o quanto a ordem é uma lei fundamental dentro das famílias. E nestes casos é esta lei que está sendo violada.

Pais vêm primeiro no sistema familiar e depois os filhos. Contudo, muitas vezes se estes pais acreditam que não receberam dos próprios pais como deveria ou gostariam tendem a buscar nos filhos essa falta. Esta é uma dinâmica muito comum nas famílias. Com isso a ordem é invertida e todos sofrem, mas principalmente os filhos. Cabe a cada um olhar para sua própria história para que os descendentes possam ser um pouco mais livres.

O primeiro passo é confiar que o filho adulto possui os recursos necessários para cuidar de sua própria vida. Mesmo que os pais não tenham conseguido seguir em frente e estejam "presos" aos vínculos do passado seja por críticas, exigências infantis ou julgamentos; ainda sim os filhos podem caminhar com as próprias pernas. 

Mesmo que o filho adulto tenha sido colocado em lugar infantil, cabe a ele sair desta posição, mesmo que os pais não tomem atitude. Jesper se beneficiou imensamente com a atitude do pai de mandá-lo para longe e conseguiu mudar sua postura e assumir sua própria vida. Mas nem todos os pais conseguem tomar esta atitude por si mesmos. Então, cabe aos filhos adultos fazerem o que é preciso! 
Os adultos são capazes de carregar seu destino do jeito que ele se apresenta. Para isso é preciso encarar a realidade e não negá-la ou lutar contra ela. Acreditar na força do sistema familiar e tomá-la para si, sem críticas ou exigências, para caminhar mais inteiro na vida é o que nos torna adultos e nos permite seguir em frente!

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